Após publicação do decreto que flexibiliza as atividades econômicas em Porto Alegre, cerca de 32 mil funcionários da indústria podem voltar ao trabalho. A estimativa é da prefeitura da Capital, que considera o número de vínculos empregatícios com os 9 mil cadastros de pessoa jurídica do setor. As atividades da indústria estavam paralisadas desde 26 de junho.
A quantidade de pessoas que vão retomar o trabalho, porém, dependerá da logística adotada por cada empresa. O decreto assinado pelo prefeito Nelson Marchezan estabelece uma série de medidas de segurança contra o coronavírus, incluindo medição de temperatura e distanciamento de 1,5 metro entre cada funcionário.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) considera positiva a flexibilização e diz que a medida permite à indústria vender e desovar parte da produção que estava parada. "A entidade ressalta o fato de, com empresas fechadas, demissões em massa e comércio sem vendas, aumenta o desespero de quem não pode cumprir seus compromissos financeiros", avalia a federação.
No Rio Grande do Sul, a produção industrial apresentou alta de 12,6% em junho em comparação com maio. O dado foi divulgado nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o segundo avanço consecutivo depois da queda histórica de 21,7% em abril. O crescimento gaúcho foi o terceiro maior do país, acima da média nacional (8,9%).
O que diz o decreto municipal
O decreto exige que, para retomar as atividades, a indústria precisa respeitar as seguintes medidas:
- Monitorar a temperatura corporal e de sintomas gripais, diariamente, antes do início da jornada
- Encaminhar o empregado ou funcionário que apresentar sintomas de contaminação por covid-19 para atendimento médico, determinando, em caso de comprovação, o afastamento do trabalho pelo período mínimo de 14 dias ou conforme determinação médica
- Fornecer aos trabalhadores máscaras de proteção facial para o seu deslocamento em transporte coletivo
- Disponibilizar aos trabalhadores na entrada do canteiro de obra e nas mesas, álcool em gel 70% (setenta por cento)
- Trocar diariamente os uniformes, vedado o seu compartilhamento e determinar que não o utilizem no trajeto de ida e volta do trabalho
- Realizar procedimentos que garantam a higienização contínua do local, intensificando a limpeza das áreas com desinfetantes próprios para a finalidade e realizar frequente desinfecção com álcool 70% e/ou preparações antissépticas ou sanitizantes de efeito similar
- Manter todas as áreas ventiladas, inclusive os locais de alimentação e locais de descanso dos trabalhadores
- Controlar a circulação de pessoas na entrada da obra e em frentes de serviços, respeitando a distância mínima de 1,5 metro
- Limitar a utilização dos elevadores fechados ou cremalheiras a uma pessoa por vez, além do operador
- Reduzir a circulação de pessoas nos vestiários e refeitórios, por meio de escala, para garantir o espaçamento mínimo de dois metros com a realização do procedimento de higienização, no mínimo, a cada troca de grupo
- Evitar reuniões em grupos
- Restringir a entrada e circulação de pessoas que não trabalham no canteiro, especialmente fornecedores de materiais
- Prover os lavatórios dos locais para refeição e sanitários de sabonete líquido e toalha de papel
Íntegra da nota da Fiergs
A decisão da prefeitura de Porto Alegre de liberar parcialmente o funcionamento de atividades industriais, comerciais, de prestação de serviços e construção civil a partir dessa terça-feira (11), observadas todas as regras de higienização e distanciamento, foi bem recebida pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS). Para a entidade, assim como o governo do Estado, que na semana passada decidiu flexibilizar para comércio e serviços mesmo que em horário reduzido, o decreto municipal permite à indústria vender e desovar parte de sua produção.
A FIERGS lembra que o Rio Grande do Sul está há mais de 140 dias com limitação de funcionamento das atividades. A entidade ressalta o fato de, com empresas fechadas, demissões em massa e comércio sem vendas, aumenta o desespero de quem não pode cumprir seus compromissos financeiros. Isso provoca o efeito cascata: caixas quebrados, Estado sem arrecadação e população doente também pelos efeitos causados pela pandemia.