— O cara não dorme sossegado.
É assim que Cristian Santos, de 40 anos, define a expectativa pelo nível das águas do Guaíba após a chuva dos últimos dias na Região Metropolitana. Morador da Ilha das Flores, ele vive há 20 anos na Região, é já perdeu pertences devido à elevação das águas.
Sem emprego, com um filho e a esposa, o homem vive em uma palafita suspensa por madeiras. A elevação do Guaíba já chegou ao pátio de residências na Região é só não invadiu as residências porque os moradores já constroem casas altas.
— A gente olha pela TV as chuvas lá em cima e já se prepara para o que vem. Agora não entrou água na casa, mas se mudar o vento, é capaz de entrar em casa — disse Cristian.
Na margem da BR-290, na região da Ilha das Flores, boa parte das áreas está alagadiça ou repleta de barro. Para sair das casas, alguns moradores usaram até uma caixa d'água como embarcação.
Luis Isaías Pires é representante da Associação dos Moradores da Ilha das Flores. Ele esta construindo um trapiche. Ele chegou a iniciar a faculdade de ciência da computação e é formado em eletroeletrônicos. Agora, está sem emprego e recebe o auxílio emergencial. Apesar da sua casa estar em um espaço alto, ele teme a chegada da água.
— Em 2015, eu perdi tudo na cheia. As pessoas ficam sem acesso às moradias. Montei um trapiche para evitar o contato com a água — comentou.
A Defesa Civil de Porto Alegre afirmou que nenhum morador ainda foi retirado das residências, pois apesar do alagamento nas ruas, a água não atingiu as casas. Ainda segundo o órgão, o vento nordeste pode favorecer o escoamento da água. Segundo a Defesa Civil, para atingir as residências que são construídas rente ao solo na Ilha das Flores, o nível do Guaíba deve estar em 2m40cm na régua de medição localizada no Cais Mauá. Atualmente, a medição registra 2m12cm no local.
A Defesa Civil Estadual lançou nesta tarde alerta de inundações para municípios da Região Metropolitana e Vale do Sinos. As cheias podem acontecer nas próximas 48 horas. Foram avisados os órgãos municipais de Alvorada, Cachoeirinha, Campo Bom, Canoas, Gravataí, Novo Hamburgo, Porto Alegre, São Leopoldo e Sapucaia do Sul. O objetivo é que se comece a sensibilizar famílias ribeirinhas sobre a possibilidade de se deixar as casas antes do final de semana.
*Colaborou Leandro Rodrigues