Mesmo com o novo decreto da prefeitura de Porto Alegre, autorizando a operação de restaurantes e lanchonetes, a Lancheria do Parque segue sem perspectivas de reabrir. Um dos sócios da popular "Lanchera", Neomar Jose Turatti, 55 anos, ressalta que a decisão passa por priorizar a saúde.
— Não tem como. A Lancheria, quando abrir, vai encher de gente. Eu não sei trabalhar com dois metros de distância entre clientes. Daí vão se cumprimentar, se abraçar. É tipo uma família aqui.
Há duas semanas, GaúchaZH noticiou que, prestes a completar 38 anos, a lancheria demitiu todos os funcionários e não tinha data para reabrir. Neomar ressaltou a proximidade dos hospitais de Pronto Socorro e Clínicas, o que poderia elevar o risco de contágio por coronavírus.
— Se abrir, não vamos trabalhar como nós trabalhávamos. Não vale a pena trabalhar colocando em risco a saúde de todo mundo — destaca.
Mas fácil não tem sido. Enquanto falava com a reportagem por telefone, na tarde desta quarta-feira (20), Neomar estava na Lanchera negociando com fornecedores o recolhimento de produtos que vão vencer em poucos meses. Disse que "já chorou umas 15 vezes". E acrescentou — com a voz já embargada:
— Um monte de gente passa e pergunta: "quando é que vocês voltam? Quando é que vocês voltam?". É um negócio bonito.
Patrimônio afetivo de Porto Alegre, a "Lanchera" resistiu às mudanças no bairro Bom Fim e à gourmetização que se espalhou pela cidade. Com pedidos feitos aos gritos pelos garçons, xis, pastel, torrada e um suco feito na hora e servido na jarra do liquidificador mesmo estão entre os carros-chefes do estabelecimento.