Empresários do comércio e do ramo de alimentação passaram esta terça-feira (19) no aguardo do decreto da prefeitura de Porto Alegre sobre a retomada de atividades econômicas. Na visão de donos de lojas e restaurantes, a reabertura gradual é necessária para amenizar os impactos da crise. Por outro lado, há preocupação com incertezas relacionadas à pandemia de coronavírus e ao comportamento do consumidor nas próximas semanas.
O decreto da prefeitura permite o funcionamento, com restrições, de uma série de estabelecimentos, como shoppings, restaurantes e bares na Capital. Como regra geral, o Executivo estabeleceu que seja respeitada a capacidade de ocupação de 50% dos locais.
– A reabertura é muito importante, necessária, porque as lojas não tinham como aguentar mais. Agora, vamos para uma nova etapa, mas com vendas bem abaixo do nível anterior à pandemia – afirma o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse.
O decreto da prefeitura libera restaurantes, bares e lancherias, mas impede a operação de pubs. Casas noturnas também devem seguir fechadas.
– Há uma grande expectativa pela retomada, só que também existem algumas incógnitas. Vemos pessoas na rua, mas será que vão entrar nos restaurantes? Além da crise de saúde, vivemos uma crise financeira neste momento – pontua Fernanda Tartoni, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Estado (Abrasel-RS).
Segundo ela, uma das principais dificuldades enfrentadas pelo setor durante a pandemia é o gargalo no acesso a crédito:
– Seguimos na batalha por taxas de financiamento mais acessíveis.
A prefeitura de Porto Alegre havia determinado o fechamento de restaurantes e bares ao público na segunda quinzena de março, em uma tentativa de conter o avanço do coronavírus. A decisão restringiu desde então o funcionamento dos locais aos serviços de telentrega (delivery) e pegue e leve (take away).
O Grupo Seasons, que administra restaurantes na Capital, fazia nesta terça-feira os últimos ajustes diante da expectativa pelo decreto da prefeitura. No bairro Moinhos de Vento, por exemplo, a empresa preparava a unidade das marcas A Pizza e The Chefs Hamburgueria para voltar a receber clientes.
Ao reabrir, o local também passará a concentrar outra bandeira da rede, a Poke by Seasons, que teve ponto fechado recentemente na Avenida Carlos Gomes. Por isso, foi preciso fazer uma obra no restaurante e readaptar a cozinha, conta o chef Gabriel Zambon, diretor do Grupo Seasons.
– Tivemos de encerrar operações e fazer uma série de readequações para sobreviver à crise. No começo da pandemia, buscamos nos antecipar ao que viria em seguida – relata. – Quando iniciamos os restaurantes, a telentrega era um extra. Com a crise, virou o principal negócio – acrescenta o empresário.
Para Zambon, a retomada do setor de alimentação tende a ocorrer em ritmo lento:
– Mesmo com o pessoal na rua, não acredito que o movimento voltará logo com tanta força.
Antes da interrupção das atividades em março, as unidades do Grupo Seasons já vinham adotando medidas de precaução contra o coronavírus, como o maior espaçamento entre mesas e disposição de álcool gel, diz o chef. As orientações sanitárias continuarão a ser seguidas após a retomada, frisa o empresário.
Também liberadas pelo decreto de Marchezan, as academias começam a se preparar para reabertura, conforme a regra de um aluno por 16 metros quadrados. O proprietário da rede Moinhos Fitness, Henrique Petersen, espera retomar pelo menos quatro estabelecimentos na quinta-feira (21) e destaca que a principal preocupação é com a higienização.
– Vamos usar os próximos dias para organizar as academias e treinar os funcionários para orientar os alunos. Nossa preocupação é com a higienização dos aparelhos. Precisamos que os alunos se sintam seguros para fazer os exercícios – ressalta Petersen.