Em um cenário otimista, as obras no Viaduto dos Açorianos, interditado neste domingo (9), levarão ainda três meses para começar. A empresa contratada pela prefeitura de Porto Alegre para fazer o projeto de recuperação estrutural tem até o começo de julho para entregá-lo, e só depois o Executivo municipal lançará licitação por contratação emergencial para executar os trabalhos.
Essa será a maior intervenção realizada no viaduto de 202 metros de extensão desde a construção, em 1973. É provável que seja necessária, por exemplo, a utilização de macacos hidráulicos para erguer a estrutura. O secretário de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, Marcelo Gazen, afirma que não é possível ainda saber quanto tempo levará ou quanto custará. Questionado se Porto Alegre tem verba para isso, ele diz que, se não vier do Tesouro, se dará por financiamento.
— A prefeitura tem capacidade de executar uma obra dessas, sem problemas – garante.
O problema estrutural está na extremidade sul. A interdição da obra foi determinada pelo prefeito Nelson Marchezan em razão de graves anomalias na estrutura de transição entre o terreno natural e o viaduto em si, parte chamada de encontro. Já foram constatadas rupturas e deformações em vigas, além rachaduras nos pilares. Embora ainda não tenha laudo concluído, o encontro norte também apresenta sinais semelhantes de degradação.
Técnicos da prefeitura notaram os problemas em agosto de 2019, em vistoria anual, e solicitaram a contratação de uma empresa para a elaboração de laudo técnico. Foi realizada, pela primeira vez em mais de 10 anos, inspeção na parte interna do viaduto. Segundo a prefeitura, foi necessário providenciar a limpeza do espaço, tomado de lixo e em condições insalubres. Na parte interior do encontro, o concreto das paredes está caindo, revelando partes da ferragem.
É possível que o viaduto não tivesse chegado nesta situação com a manutenção preventiva das chamadas “juntas de dilatação”. Elas estão obstruídas com sujeira, terra e água, o que dificulta a movimentação das partes de concreto e gera danos estruturais. Segundo a prefeitura, há quase 20 anos não eram feitas essas manutenções.
A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana garante que realizou vistoria nos 21 viadutos da cidade desde o ano passado. Foi solicitado à Secretaria de Serviços Urbanos a retirada de vegetais que danificam as juntas de dilatação, mas a pasta garante que nenhuma outra estrutura apresenta riscos.
Bloco de carnaval não correu risco, segundo o secretário
O secretário de Infraestrutura e Mobilidade Urbana de Porto Alegre, Marcelo Gazen. garante que o forte tremor sentido por foliões quando o Bloco da Laje passava por cima do Viaduto dos Açorianos, em janeiro, em nada tem a ver com os problemas estruturais que levaram à interdição da estrutura e descarta a possibilidade de risco na ocasião.
— Se passa muita gente pulando, ou um ônibus, ou um caminhão de grande porte, a sensação de movimento é normal — garante.
Na ocasião, Fernando Martins Pereira, engenheiro civil e diretor do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul, explicou que, se um grupo tão numeroso passa por um viaduto ou ponte com a mesma frequência de pisada ou pulo, pode criar um efeito de ressonância.
Ouvido novamente por GaúchaZH, destacou que são “fenômenos diferentes”:
— A vibração se dá por ressonância da estrutura, avaliada pela análise dinâmica, conceito definido por norma.