Em Alvorada, mesmo que haja paciência para aguardar pelo ônibus na parada, em alguns casos, o coletivo simplesmente não aparece. A Viação Alvorada (VAL), que opera a malha pública municipal, reduziu em 63,6% as linhas que circulam pela cidade da Região Metropolitana. Dos 11 itinerários que operavam antes da pandemia de coronavírus, apenas quatro seguem atendendo a população alvoradense.
Por mais que o isolamento social tenha diminuído drasticamente o número de passageiros nos ônibus, as cidades começam a retomar suas atividades, seguindo o plano de distanciamento controlado do governo estadual. O Estado foi dividido em 20 regiões, que semanalmente, são classificadas quanto à gravidade da situação na localidade. Alvorada está numa região de bandeira laranja, o que significa risco médio, permitindo que as atividades sociais e econômicas possam funcionar com menos restrições.
Quando se trata especificamente do transporte municipal, o governo estadual apenas ressalta que os veículos devem transportar até 60% da sua capacidade. Além, claro, de serem seguidas regras como uso de máscaras e distanciamento. Mesmo assim, a VAL não retomou o funcionamento de nenhuma linha desde o começo de março, quando iniciaram as medidas de isolamento.
A retomada no número de passageiros já é vista em outras cidades e regiões, onde o sistema vem sendo revisto a cada dia. Tomando como exemplo a própria cidade de Alvorada, o diretor de transportes da Metroplan – que coordena o transporte metropolitano no Estado –, Francisco Hore, explica que os ônibus já operam com 66% de demanda, comparando ao que era antes da pandemia. Logo que o isolamento começou, esse índice chegou a cair para 28%.
– Abril foi um mês onde começou a retomada, com pessoas saindo de novo. Seguimos assim, conforme vai retomando, a gente vai incrementando a frota – explica Francisco.
Demanda
Conforme a prefeitura de Alvorada, a VAL está operando com frota reduzida desde 29 de abril. A administração diz que acordou com a empresa a redução na oferta, deixando em operação apenas as linhas de maior demanda. Segundo a prefeitura, a empresa já vinha apresentando constantes relatórios que demonstravam queda no número de usuários. E a crise gerada pelo coronavírus acentuou esta situação. Não há previsão para que as linhas voltem a operar normalmente.
Tempo de espera
Os usuários relatam a luta para encontrar ônibus – e não só no transporte municipal. As linhas metropolitanas, operadas pela Soul, também são alvo de críticas. A cuidadora Gisele dos Santos, 49 anos, trabalha na Capital. Sua filha trabalha em Alvorada. Moradoras do bairro Sumaré, elas se separam ao sair para o trabalho. Em teoria, uma deveria pegar uma linha municipal e outra, uma metropolitana. Só que a filha de Gisele está tendo de usar carro de aplicativo. Já a mãe, torce para que o ônibus passe na hora e não esteja lotado:
– Na sexta, quando o metropolitano chegou, havia só mais seis lugares. Eu subi, mas ficaram 10 pessoas na parada.
A vendedora Maria Griedeler Neukirchen, 19 anos, trabalha na Capital. Na saída, por volta das 19h, ela vai do bairro Auxiliadora até o Terminal Triângulo. De lá, pega o ônibus para Alvorada.
Maria chega por volta das 20h no Triângulo, mas só chega em casa lá pelas 21h40min. Porém, já chegou a esperar por mais de uma hora e meia.
– Já é complicado andar sozinha à noite, agora, com menos gente na rua, eu me sinto mais insegura ainda – relata Maria.
A Soul informa que “segue trabalhando normalmente, com algumas reduções de horários”.