Quem busca atendimento médico em Porto Alegre poderá encontrar profissionais até mais tarde em outras duas unidades de saúde. Ainda no mês de março, os postos Morro Santana e Belém Novo, em bairros de mesmo nome, passarão a atender 14 horas por dia — são os últimos dois do plano de oito anunciados pelo prefeito Nelson Marchezan depois de assumir o mandato.
A previsão é de que uma das unidades tenha o horário estendido na primeira quinzena de março, e a outra, na segunda quinzena. Com isso, haverá um local de referência diferente para todas as regiões da Capital.
Além disso, a prefeitura planeja a abertura de 18 unidades de saúde por 12 horas diárias, chegando a 30 nos próximos meses. A medida foi possível a partir do termo de cooperação assinado com a Santa Casa, Divina Providência, Instituto de Cardiologia e Vila Nova após a extinção do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf).
O horário estendido em postos de saúde foi uma promessa de campanha do prefeito. A abertura dos últimos dois até 22h foi anunciada durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (5). A Secretaria Municipal de Saúde garante que a data de abertura já estava planejada há bastante tempo — no entanto, o reforço no atendimento será importante para o caso de confirmações de pacientes com coronavírus.
— Esta é a melhor forma para o atendimento. As pessoas devem procurar as unidades de saúde quando tiverem algum sintoma. Com a ampliação do horário dos postos, estes serão mais dois locais que elas podem buscar. É um aumento significativo no atendimento de saúde da cidade de Porto Alegre — disse o secretário de Saúde, Pablo Stürmer.
Além dos dois novos postos, outros seis já funcionam em horário estendido: Modelo (bairro Santana), Tristeza, Diretor Pestana (Humaitá), Ramos (Rubem Berta), São Carlos (Agronomia) e Primeiro de Maio (Cascata).
Plano para conter o coronavírus
Em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (5), a prefeitura reuniu autoridades de diferentes setores — inclusive dos hospitais de Clínicas e Conceição — para falar sobre as ações previstas em caso de avanço do coronavírus. Porto Alegre tem hoje 54 casos suspeitos, de um total de 98 investigados no Rio Grande do Sul.
As principais orientações são focadas em prevenção e comunicação. A Secretaria Municipal de Saúde pede que as pessoas procurem postos de saúde caso tenham sintomas compatíveis com o coronavírus. Quando o paciente é considerado suspeito e tem sintomas leves, duas medidas são tomadas: ele é orientado a ficar em casa, afastado das atividades, e uma equipe de coleta domiciliar vai até a residência para realizar o exame.
— Ao longo do tempo, a prefeitura foi qualificando as suas estruturas e hoje temos um quadro de segurança para atender as demandas eventuais. Como o Estado é mais frio, sempre tem uma demanda maior do que em relação ao resto do Brasil. (Se o coronavírus chegar) É algo que terá início, meio e um período em que teremos superado — disse o prefeito Nelson Marchezan.
O escalonamento prevê cinco estágios da doença, com medidas diferentes para cada uma das situações:
Nível 0 (nenhum caso confirmado)
É o estágio atual. Neste momento, é obrigatória a notificação imediata de casos suspeitos. Há coleta de exames em todos os casos suspeitos.
Nível 1 (primeiro caso confirmado de viajante)
Quando isto acontecer, haverá busca ativa a quem teve contato com o paciente, e a internação em hospital de retaguarda só será feita em caso de necessidade.
Nível 2 (primeiro caso confirmado de transmissão local)
Neste cenário, haverá divulgação de boletins diários e divisão na equipe para garantia de que pacientes com outras doenças serão atendidos.
Nível 3 (transmissão sustentada)
Ocorrerá somente quando houver 25 casos hospitalares e 100 casos ambulatoriais ou quando a capacidade das emergências estiver acima de dois desvios-padrão. Neste caso, a testagem de casos suspeitos não será mais feita, haverá suspensão de aulas e de eventos de massa, e haverá tendas para atendimento aos pacientes.
Nível 4 (limite de capacidade instalada)
É o pior cenário previsto pela prefeitura. Se isso ocorrer, haverá contingência hospitalar, contratação de leitos e avaliação de medidas extraordinárias, como hospitais de campanha e cancelamento de procedimentos eletivos.
A prefeitura também prevê, nos próximos meses, a contratação emergencial de mais profissionais para a Operação Inverno, quando, tradicionalmente, a procura por atendimento aumenta na cidade. Também estão sendo feitas orientações em escolas e a empresas de ônibus.