Se em 2019 o Carnaval de Porto Alegre levou a resistência como seu mantra na Avenida, neste ano, será a vez da redenção. Depois de dois anos de incerteza, 2020 promete uma retomada, principalmente, no que se trata da infraestrutura do evento. Mas, pouco menos de dois meses antes da festa, o movimento no Complexo Cultural do Porto Seco ainda está devagar.
Durante esta semana, a reportagem visitou a Casa do Carnaval. No complexo na Zona Norte, o ritmo dos trabalhos tem cara de pontapé inicial. Entre os presidentes consultados, o sentimento é de que alguns setores estão sendo priorizados antes do barracão em si. A produção de fantasias em ateliês, por exemplo, é um deles. Mesmo assim, quem já está no Porto Seco não tem tempo a perder. No barracão da União da Vila do IAPI, o diretor de Carnaval Jorge Sodré projeta um impulso na produção na próxima semana.
— Estamos fazendo tudo do zero este ano. Não vamos reutilizar nada de adereços, será uma produção totalmente nova — adianta Jorge, que divide os trabalhos os carnavalescos Chico Passos e Sérgio Guerra.
Dos poucos trabalhos já iniciados no Porto Seco, também está o da Imperadores do Samba. Neste barracão, o lema será reaproveitar o que for possível. Um dos responsáveis pela montagem do desfile é o carnavalesco Luciano Maia.
— Neste ano, temos que olhar pro chão e fazer Carnaval — brinca ele, referindo-se ao reaproveitamento de materiais já utilizados.
Estrutura ainda carece de manutenção
Enquanto algumas escolas já trabalham na produção dos desfiles, outras ainda estavam reabrindo os barracões durante a visita do DG. Como sempre, a situação do Porto Seco salta ao olhos. Desativado em boa parte do ano e sem cuidados do poder público, o local transpira abandono. Com o fim da Liespa, o barracão da liga está aberto e vazio. Do que foi possível levar, os ladrões já deram conta. Em alguns pontos, restos de fantasias e alegorias passam o sentimento de que, um dia, alguém já desfilou ali, mas que ninguém mais desfilará.
Esse cenário só deve mudar nos últimos 20 dias antes da festa. Nesta data, a Bah! Entretenimento — produtora que foi contratada para organizar e gerir a festa deste ano — deve iniciar a montagem da estrutura. A prefeitura também deve dar as caras, já que fará a capina e limpeza da área, além de oferecer serviços essenciais durante os dois dias de desfiles.
Enquanto isso, o Complexo do Porto Seco continuará sendo aquela ferida de Porto Alegre que é cicatrizada emergencialmente durante um mês do ano e exposta ao abandono do poder público nos outros 11 meses.