O apartamento na Avenida Osvaldo Aranha, no Bom Fim, vira uma sala de cinema quando a educadora física Vanessa da Veiga, 32 anos, liga a televisão para os pets Tininha e Kilat. Atraídos por ruídos, os irmãos shih-tzu de 4 anos se aproximam da tela e olham fixamente para ela – chegam a ficar em duas patas, entusiasmados com os estímulos.
– É impressionante, eles ficam super atentos. Não sei exatamente o que chama a atenção, mas funciona – diz Vanessa.
Os passeios pela Redenção fazem parte da rotina matinal, mas é pela tarde, quando a dupla fica sozinha por algum tempo, que a telinha vira uma aliada. A programação preferida é a que envolve outros animais, músicas, latidos e miados. Para compreender melhor o que acontece quando não está presente, Vanessa pensa em instalar câmeras no apartamento.
– Quero saber por quanto tempo eles ficam olhando. Não tenho dúvida de que vale a pena deixar a TV ligada, porque tranquiliza eles – afirma.
O mesmo ocorre na casa do aposentado Denison Leonardo Molina, 44 anos, em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana. Por lá, as cachorrinhas Minnie e Mel, que não têm raça definida, costumam ouvir músicas na hora do banho e antes de dormir. A melodia ambiente vêm de caixas de som conectadas ao notebook, onde canais do YouTube com músicas calmas são acionados.
– Elas ficam menos ansiosas, brincam entre si. Ajuda a reduzir a ansiedade nesses momentos, e também quando eu não estou presente – diz Denison.
Tudo indica que o hábito não seja comum apenas por aqui. Esta semana, após descobrir que 74% dos seus usuários no Reino Unido deixam músicas tocando para seus animais de estimação, o Spotify lançou um gerador de playlists para cachorros, gatos, hamsters, pássaros e iguanas. Foi criado, ainda, um podcast com "músicas suaves, elogios direcionados ao animal, histórias e mensagens de afirmação e segurança narradas por atores para aliviar o estresse quando ele estiver sozinho em casa".
Segundo a médica veterinária comportamental Joice Peruzzi, estudos demonstram que alguns cães e gatos podem se acalmar com determinados sons, que variam de caso para caso. Entretanto, antes de deixar o pet sozinho com músicas ou canais televisivos, é preciso testar se o estímulo realmente diminui o estresse.
– Deve-se ter cuidado, observar se o som não gera medo ou ansiedade. Se o animal ficar relaxado, pode ser usado como recurso terapêutico – explica.