Pela primeira vez desde 2000, quando foi implantado o sistema de fibras ópticas no Trensurb, o Centro de Controle Operacional se deparou com um problema que afetaria toda a operação. O rompimento destes condutores, que têm espessura semelhante à de um fio de cabelo impediu o sistema de funcionar por três horas nesta quarta-feira (13).
A operação ficou completamente paralisada. Até as 7h50min, os trens não circularam em nenhuma das estações — o serviço sequer foi iniciado às 5h, horário em que os trens começam geralmente a circular, devido ao problema.
O conjunto de 24 fibras ópticas passa por todas as 22 estações da Trensurb através de um sistema de cabeamento aéreo, conectando-se a cada ponto de parada. Elas funcionam como um canal de envio de informações, enviando ao Centro de Controle Operacional dados como posição, sentido dos trens e sinalização da via. Através das fibras, o controlador do veículo também pode determinar comandos, decidindo, por exemplo, se algum trem deve parar (devido a objetos na via ou outros motivos).
— A confiabilidade deste sistema é muito alta, tanto que foi a primeira vez que tivemos esta falha. Estas fibras ópticas repassam dados essenciais para a operação e segurança do sistema da Trensurb. Quando o controlador acessou o sistema hoje, apareceram somente algumas de várias luzinhas, indicando que o sistema não estava confiável — explica o gerente de manutenção de sistemas da Trensurb, Davi Lamas.
Ainda na madrugada de terça-feira (12), a Trensurb constatou que algumas das fibras ópticas haviam sido rompidas, mesmo com toda a proteção que envolve os condutores. O rompimento ocorreu nas proximidades da Estação Luiz Pasteur, em Sapucaia do Sul. Como o problema era menor, a operação seguiu ao longo do dia com pequenas manobras, e a empresa responsável pela manutenção das fibras ópticas foi acionada.
O reparo foi agendado para a madrugada desta quarta-feira (13). Como as fibras são feitas de vidro, o conserto envolve derreter o material. Devido à complexidade e lentidão do processo, que precisava ser feito com todas as fibras, o conserto demorou mais do que o previsto — por isso, a operação não iniciou às 5h desta quarta.
— O conserto foi concluído perto das 7h, mas nem tudo funcionou corretamente. Também eram necessários testes de segurança. Por este motivo a operação demorou para iniciar — explica Lamas.
Trensurb acredita em vandalismo
A empresa acredita que um ato de vandalismo tenha causado o rompimento das fibras ópticas. Não foram localizadas, no entanto, imagens que mostrem o que aconteceu.
A reportagem de GaúchaZH questionou a Trensurb se não havia um "plano B" para casos como este. A empresa ainda não respondeu — em nota, informou apenas que este é um problema pontual. Destacou ainda que o índice de regularidade das viagens é de 99,3%, e o de pontualidade, 99,2%.
A Trensurb ainda informou que está em processo de instalação de um sistema de comunicação diferente, por rádio digital, que daria condições de visualizar a localização dos trens por meio de GPS.
O rompimento de fibras ópticas é diferente de outros problemas envolvendo cabos, que transmitem energia. Nestes casos, é possível fazer um conserto emergencial para aguardar pelo definitivo.