Autor e coautor de projetos que ajudaram a moldar a arquitetura e o urbanismo modernos no Rio Grande do Sul, Moacyr Moojen Marques morreu na madrugada desta sexta-feira (11) no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, aos 89 anos. Segundo a família, ele sofreu complicações pós-operatórias decorrentes de uma queda.
O velório está sendo realizado na Capela 7 do Cemitério Ecumênico João XXIII (Avenida Natal, 60), na Capital. O enterro será às 18h.
Nascido em Lagoa Vermelha, Moacyr Moojen Marques destacou-se em diversas frentes dentro de sua profissão: foi arquiteto de longa trajetória no Estado com o escritório Moojen & Marques Arquitetos; professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) de 1958 a 1968 e arquiteto e urbanista da Divisão de Urbanismo da prefeitura de Porto Alegre entre 1958 e 1987.
Entre seus projetos de maior visibilidade estão o Auditório Araújo Vianna no Parque Farroupilha, em Porto Alegre (em coautoria com Carlos Fayet; projeto que substituiu o antigo Araújo Vianna, que ficava onde atualmente está a Assembleia Legislativa do RS); a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas (com Fayet, Cláudio Araújo e Miguel Alves Pereira); o Terminal Almirante Soares Dutra (com Fayet e Araújo) e o Centro Comercial Nova Olaria (com os filhos José Carlos Marques e Sergio Moacir Marques), na Cidade Baixa, na Capital. Como funcionário da prefeitura da Capital, integrou a equipe que realizou o Plano Diretor de 1959, aprovado em 1961.
— O pai integrou as primeiras gerações da arquitetura moderna brasileira no Sul do país, que no nosso caso coincide com a própria estruturação da profissão de arquiteto. No final dos anos 1940 e na década de 1950, período em que ele se graduou, estavam recém se formando os cursos de Arquitetura e Urbanismo no nosso Estado. No campo do planejamento urbano municipal, ainda não existia a divisão de Urbanismo, que foi criada nesses anos — diz o arquiteto Sergio Moacir Marques, filho de Moojen e sócio do escritório Moojen & Marques Arquitetos.
Autor de uma tese de doutorado na UFRGS sobre a arquitetura moderna no Sul, Sergio explica que o Plano Diretor de 1959 foi o primeiro plano urbanístico de "índole modernista" da cidade de Porto Alegre e um dos primeiros do Brasil:
— Esse plano serviu de base para o primeiro plano diretor de desenvolvimento urbano de Porto Alegre, em 1979, do qual o pai foi o gerente e talvez a principal liderança intelectual. O plano de 79 é importante porque praticamente estrutura a cidade com a fisionomia que tem hoje. Muitos porto-alegrenses não se dão conta, mas essas características dotam Porto Alegre de certa qualidade média e certa organização em termos de funcionamento bastante superiores em relação à desigualdade de infraestrutura de muitas capitais brasileiras.
Assim, Moojen e seus colegas de geração foram representantes, no Sul, de um movimento em sintonia com expoentes como Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, no Rio, e Vilanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha, em São Paulo, como compara Sergio:
— Moacyr também atuou como arquiteto de ofício pelo poder público, algo que hoje de certa forma entrou em desaparição, ou seja, técnicos atuantes representando o poder público. Junto com Fayet, ele projetou o Auditório Araújo Vianna. Junto com João José Vallandro e Leo Ferreira da Silva, fez o edifício da Smov (antiga Secretaria Municipal de Obras e Viação) na Borges de Medeiros. E muitos projetos urbanísticos importantes e pioneiros, como o Parque Itapuã, o Parque Saint-Hillaire, o traçado urbano da Avenida Praia de Belas que criou o Marinha do Brasil e tornou pública a orla de Porto Alegre, dentro do plano de 1961.