João Pedro Nunes de Azevedo, nove anos, morador do bairro Restinga, na zona sul da Capital, já teve festinhas de aniversário com decoração do Homem de Ferro, dos Vingadores, de Piratas e do Chaves, mas, neste ano, resolveu inovar: homenagear nada mais, nada menos do que a escola de samba Estado Maior da Restinga.
A escolha surpreendeu os pais, a dona de casa Janaína Nunes, 28 anos, e o cobrador de ônibus Ricardo de Azevedo, 33 anos, e chamou a atenção de muita gente, fazendo sucesso nos grupos de moradores do bairro nas redes sociais.
— Achei que era "mais uma" dele, mas ele firmou na ideia e nós fomos atrás da decoração. Fizemos tudo em casa — conta o pai.
— Eu fui para o Centro com minha mãe e, numa loja, ela viu uma coroa, e disse que era muito "a cara da escola". Então, eu resolvi fazer a festa com o tema. Pedi para o presidente a bandeira emprestada — revela o menino sobre a decisão.
Prontamente, os pais começaram a organizar a festa, que foi realizada no dia 9 de junho no salão do condomínio onde moram, também na Restinga. Convite, bolo, lembrancinhas, copo personalizado, balões, tudo com o logotipo ou as cores verde, vermelho e branco da escola.
Na trilha sonora, só os sambas-enredo cantados pela escola. Com apoio de integrantes da entidade carnavalesca, o aniversário ainda contou com a presença do presidente Richer Almeida Kniest, da madrinha da bateria Viviane Rodrigues, além de destaques e de 10 membros da bateria, os Tinguerreiros.
— Nós agradecemos muito aos integrantes da escola por terem nos ajudado e comparecido. Até a porta-bandeira, que não pôde estar presente, enviou um vídeo para ele — explica a mãe, Janaína.
Motivo de orgulho para a escola
Quem escuta a história sobre a escolha de João pelo tema deve até pensar que ele cresceu dentro da escola de samba. Mas não. Há pouco tempo, cerca de 10 meses, os pais começaram a frequentar os ensaios da escola e passaram a levar o filho junto. A admiração do pequeno, desde então, só cresceu. Os pais chegaram a desfilar pela escola em 2012 e em 2019, mas nunca com João junto. Mas, para o ano que vem, prometem, vai ser diferente.
— Semanalmente, ele vai nos ensaios, fica lá dançando, cantando. Em casa, ele faz as coreografias da comissão de frente. No próximo ano, ele vai com a gente ao Carnaval — garantem os pais.
Para o diretor e fundador da Estado Maior, Hélio Garcia Dias, 61 anos, a história de João é comovente e motivo de muito orgulho para escola.
— Ver um jovem com uma paixão nascendo pela escola é um prêmio imensurável, pois ali existe um projeto social, cultural.... Se ele hoje tem nove anos, significa que essa escola vai perdurar por muitos anos, vai passar dos 100 — comemora Dias.
Um aniversário original, inesquecível e que prova, como bem diz o lema da escola: "Tinga Teu Povo Te Ama".