A auxiliar de enfermagem aposentada Amélia da Silva Ramos, 77 anos, era uma das pessoas que puxavam a procissão de Corpus Christi na tarde desta quinta-feira (20), no centro de Porto Alegre. Moradora do bairro Menino Deus, a idosa fazia questão de lembrar a prótese no fêmur, que colocou há dois anos.
— Estou caminhando e agradecendo essa prótese. E a vida, que é o maior prêmio que a gente têm — acrescentou Amélia.
Bem como ela, cerca de 5 mil pessoas, estimou a Arquidiocese, foram da Catedral Metropolitana até a Igreja da Conceição, na Avenida Independência. Clara Edi de Oliveira Mello, 80 anos, aposentada, veio de Triunfo para a celebração liderada pelo arcebispo metropolitano Dom Jaime Spengler e precisou acompanhar a missa do lado de fora, com a folhinha da programação em mãos, devido à lotação do templo. Ela conta que acompanha o evento desde que tinha 22 anos.
— Fico triste quando não venho — relata.
O trajeto de pouco mais de um quilômetro teve a entonação de cânticos e orações como o Pai Nosso. Um grupo de uruguaios que veio a Porto Alegre para a Copa América aproveitou para assistir à passagem da procissão sobre o Viaduto da Borges e pedir uma ajudinha divina.
— Estamos pedindo a bênção para que o Uruguai ganhe — disse, bem-humorado, o comerciante Enrique Prieto, 71 anos, referindo-se ao jogo desta quinta.
Ele conta que também é católico e que aprecia demonstrações de fé como essa, uma vez que "o Uruguai parece muito com o Brasil nesse sentido".
Não houve confecção de tapetes de serragem nesta edição na Capital. A assessoria de comunicação da Arquidiocese justifica que, nos últimos anos, a tradição foi substituída pela doação de cobertores e agasalhos, e, neste ano, foram arrecadados alimentos não-perecíveis.