As primeiras horas da manhã do dia nacional de paralisação contra a reforma da Previdência, o desemprego e em favor da educação registraram piquetes diante de garagens de ônibus, funcionamento parcial de postos de saúde e escolas, relatos de agressões e pelo menos 75 prisões de manifestantes no Estado — a maior parte delas na Grande Porto Alegre.
Na Capital, após o bloqueio de garagens de ônibus e da interrupção do serviço da Trensurb, a situação se normalizou ao longo da manhã e frustrou a expectativa de organizadores da greve de um impacto mais generalizado na mobilidade urbana.
À tarde, estão previstos atos em cidades como Porto Alegre, Caxias do Sul, Erechim, Pelotas, Rio Grande, Santa Rosa e Santo Ângelo. Na Capital, a concentração vai começar às 17h na Esquina Democrática. O grupo deverá sair em caminhada, mas até o final da manhã ainda não havia sido definido o trajeto.
O dia começou com o bloqueio de garagens de ônibus em cidades como Porto Alegre, já que a interrupção dos serviços de transporte é uma peça-chave para ampliar os efeitos de uma greve geral. Um grupo foi dispersado na saída dos ônibus da empresa Trevo, na Rua Coronel Massot, por meio de gás lacrimogêneo aplicado pela Brigada Militar. Mais tarde, 51 pessoas desse mesmo grupo foram detidas e encaminhadas à Polícia Civil ao trancar a garagem da Viação Teresópolis Cavalhada.
Conforme o responsável pelo Comando de Policiamento da Capital, tenente-coronel Rodrigo Mohr Picon, os manifestantes teriam resistido à abordagem da Brigada Militar e atirado pedras contra os policiais. Em outro episódio, em Alvorada, o soldado Matheus Lemos Borges, 28 anos, foi atingido em um dos olhos durante um protesto em frente à garagem da empresa Soul, em Alvorada, ainda durante a madrugada.
O batalhão de choque lançou granadas de gás lacrimogêneo e avançava sobre um grupo de pessoas quando alguém lançou um objeto em direção aos policiais, atingindo o olho direito do soldado.
— Não conseguimos ver qual foi o objeto. Por uma infelicidade, atingiu ele — disse o comandante do 24º BPM, Jefferson Melo.
Participantes dos protestos também se queixaram de supostos atos de agressão praticados pela BM. A professora e sindicalista Rejane de Oliveira, 54 anos, afirmou ter sido atingida na cabeça por ação da Brigada Militar durante um ato realizado próximo ao Hospital de Pronto Socorro na Capital. A Brigada nega que a professora tenha sido ferida por uma ação da corporação.
— A violência da polícia do governador Eduardo Leite ocorreu tem todos os lugares — declarou o integrante da direção nacional da CSP-Conlutas, Érico Corrêa.
Segundo Corrêa, a mobilização registrada até o final da manhã demonstrou o "sentimento de repúdio" da população com a reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro, mas o impacto do movimento teria sido prejudicado pelo medo de parte dos trabalhadores de perder o emprego em meio a uma crise econômica e, no caso de Porto Alegre, pela falta de apoio do Sindicato dos Rodoviários.
— Esperávamos uma greve com mais dificuldade de mobilidade dentro do município por conta da disposição da categoria dos rodoviários, mas o sindicato não apoiou (a paralisação), então os trabalhadores acabaram ficando inseguros — analisa Érico Corrêa.
Os trens metropolitanos voltaram a circular por volta das 8h na Grande Porto Alegre — seis funcionários chegaram a ser presos em flagrante ao colocar fogo nos trilhos em Sapucaia. Em todo o Rio Grande do Sul, foram registrados pelo menos 15 pontos de bloqueio no começo da manhã em rodovias estaduais e federais. A Secretaria Estadual da Educação apontou 97 escolas afetadas pela greve — 64 com paralisação total e outras 33 parcialmente afetadas.
Em Porto Alegre foram 24 fechadas e 17 com atendimento parcial. Também na Capital, das 140 unidades básicas de saúde, pelo menos 18 foram fechadas. O Posto Modelo, um dos mais importantes da cidade, registrou com atendimento reduzido em 20%.Como reflexo da greve desta sexta-feira (14), contra a, o atendimento de saúde em Porto Alegre tem restrições. Das 140 unidades básicas de saúde, 18 estão fechadas. A relação foi atualiza às 10h30min. O Posto Modelo, um dos mais importantes da cidade, está com atendimento reduzido em 20%.