Sete meses atrás, um buraco na calçada em frente ao número 370 da Rua Miguel Tostes, no bairro Rio Branco, acomodou sem dificuldades metade da roda de um carro. O veículo ficou preso no local quando seu dono, o advogado Felipe Rebechi, tentou sair da garagem do prédio.
Nesta quarta-feira (15), caso não tivesse sido coberta com lajotas por moradores do mesmo prédio, a cratera já estaria apta a engolir quase metade do veículo. Não é a única da via: pelo menos seis pontos ao longo de duas quadras, entre as ruas Casemiro de Abreu e Dona Laura, estão há meses demarcados com cavaletes da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSURB). Cinco deles são buracos.
A abertura em frente à garagem do prédio do qual Maria Elena Manara, 64 anos, é vice-síndica, é das maiores e mais antigas. Segundo a contadora, começou com uma pequena falha, cerca de dois anos atrás, e foi aumentando chuva após chuva. Depois que o carro do vizinho ficou preso, no ano passado, a prefeitura foi ao local e, supostamente, consertou o problema. Bastou a primeira chuva chegar, semanas depois, para os moradores perceberem que a intervenção não passou de um paliativo.
— Começou a abrir o buraco de novo. Abrimos quatro protocolos (na prefeitura) e nunca nos deram uma previsão de conserto — conta a vice-síndica.
Na resposta mais recente, em três linhas, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) limitou-se a dizer que o problema tinha origem pluvial e que deveria ser aguardado o atendimento.
— Queremos um retorno concreto. Está todo mundo revoltado. Dois meses atrás, inundou porão do prédio, coisa que nunca tinha acontecido antes. Além disso, estamos sujeitos a alguém tropeçar e cair aqui na frente — cobra Maria Elena.
O estado do calçamento ainda existente denuncia as intervenções frequentes na altura do número 370. Ao lado do buraco — por onde os carros desviam para sair do edifício —, a calçada está craquelada. Além da cratera em frente à garagem, à esquina com a Rua Casemiro de Abreu, outra abertura surgiu e cresceu nesse meio tempo. Ainda mais profunda do que a primeira, ela acumula terra, água e lixo, o que, segundo os moradores, estaria atraindo mosquitos.
Ao subir a via em direção à Rua Dona Laura, no entanto, é possível inferir que o problema que atormenta os moradores do condomínio onde mora a contadora não seja pontual na Rua Miguel Tostes. Há dois buracos de menores proporções, um do outro lado da rua e o outro na quadra seguinte. Em frente ao número 187, todo o calçamento foi retirado e o trecho está interditado por cinco cavaletes.
Em nota enviada por meio de sua assessoria de imprensa, a SMSURB informou que a Coordenação de Águas Pluviais, desde 1º de maio sob a gestão e operação do Dmae, tinha programadas para esta semana intervenções na rede pluvial da Rua Miguel Tostes. "No entanto, devido às chuvas dos últimos dias, as ações foram reprogramadas para a semana que vem".
Ainda segundo a pasta, "as tubulações da via são antigas, o que tem provocado rompimentos em pontos isolados. Em outubro de 2018, por exemplo, um dos canos da rua, na altura do número 336, foi reconstruído, mas sofreu nova quebra". O local estaria entre as prioridades da coordenação, que disse, ainda, que fará "um estudo sobre toda a tubulação pluvial da rua, a fim de propor soluções e evitar novos rompimentos".