Se todo o processo burocrático correr bem, em setembro, a rodoviária de Porto Alegre deverá dar um importante passo rumo à modernização. Com o lançamento de uma licitação, fica aberta a possibilidade para que os planos de melhorias e investimentos previstos pelo governo estadual cheguem ao terminal usado, diariamente, por 15 mil pessoas.
Na última segunda, as secretarias de Governança e Gestão Estratégica e de Logística e Transportes e o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), concluíram a consulta pública que tratou sobre a concessão da estação. Esta é mais uma das etapas previstas no processo até a escolha da nova empresa que administrará o terminal pelos próximos 25 anos.
A documentação ainda deverá passar pela Procuradoria-Geral do Estado, ser avaliada pela Contadoria e Auditoria-Geral do Estado e homologada pela Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do RS, até chegar à Central de Licitações.
O projeto estima um investimento de cerca de R$ 77 milhões em obras e de aproximadamente R$ 460 milhões em despesas operacionais. A vencedora da licitação deverá aplicar a maior parte deste investimento nos três primeiros anos, o que representa 70% de todo o contrato.
Sem mudar o local
Trocar a rodoviária de local não é uma possibilidade trabalhada pelo Daer, que considera a localização ideal, mas o prédio, desatualizado. Há 50 anos, a rodoviária de Porto Alegre funciona no Largo Vespasiano Júlio Veppo.
Conforme o diretor de Transportes Rodoviários, Lauro Roberto Hagemann, que acompanhou a reportagem em uma visita à rodoviária nesta semana, a prioridade é melhorar a segurança dos passageiros, a qualidade dos serviços e acessibilidade:
Precisamos evitar as pessoas circulando com crianças, com malas, entre os ônibus.
LAURO ROBERTO HAGEMAN
– Precisamos evitar as pessoas circulando com crianças, com malas, entre os ônibus, algo que acontece corriqueiramente.
Hoje, a Veppo é a concessionária de vendas de passagens e administradora do condomínio. Já o aluguel dos espaços é repassado ao governo. A ideia é que o novo administrador assuma tudo: venda das passagens e a gestão das lojas. Atualmente, quando uma loja é desocupada, para ser usada novamente, precisa esperar por uma licitação do Daer.
Maior proteção aos passageiros
O projeto técnico, com as melhorias a serem implantadas no terminal rodoviário, incluem escadas rolantes, elevadores, qualificação das lojas, salas de embarque fechadas e climatizadas, área de táxis coberta, lixeiras espalhadas por toda a área, situadas, preferencialmente, a distâncias não maiores que 10 metros entre elas e ligação com a Estação Rodoviária da Trensurb, coberta e com acesso direto ao edifício do terminal. A seção da via para desembarque deverá ser dimensionada com, pelo menos, duas faixas, sendo uma de parada de veículos e uma de rolagem. Este espaço de parada deverá ser coberto.
Está sendo projetado uma reestruturação completa do segundo pavimento da rodoviária, considerado pelo Daer, atualmente, como subutilizado. Há várias salas vazias e, muitas outras, servindo apenas de depósitos. A ideia é que a venda das passagens passe a acontecer no segundo andar e a construção de um acesso possibilite a circulação contínua por todo o espaço. O segundo pavimento poderá ter lojas e restaurantes. O embarque e desembarque seguirão no mesmo nível mas, proporcionando, na visão do departamento, uma maior proteção aos passageiros.
– Precisamos colocar o andar superior em evidência, criar salas de embarque comum para os passageiros, diminuir a necessidade de sala VIP de uma empresa ou de outra, para tornar uma área comum para todos. Um ambiente mais democrático – salientou o diretor.
Segundo o Daer, nos últimos cinco anos, a queda registrada de passageiros foi de 20 milhões.
Lojistas na incerteza
Donos de bancas ainda aguardam pela decisão do Estado no que tange à desocupação das lojas. Empresários garantem que o nível de satisfação das pessoas com a rodoviária é bom e que a possibilidade de deixar o local, no prazo inicialmente estipulado, de 210 dias, seria prejudicial. Vice-presidente da Associação dos Empresários da Estação Rodoviária de Porto Alegre (AEERPA), Cássio El Kik, 50 anos, disse que os lojistas realizaram investimentos em função da Copa do Mundo e que gostariam de tempo para se recuperar e conseguir indenizar funcionários.
Dono de uma cafeteria ao lado de El Kik, Fernando Bugallo, 64 anos, acredita que assentos mais adequados, iluminação reforçada e uma estética modernizada já seriam suficientes para atender às melhorias necessárias ao local. As empresas pedem cinco anos para desocuparem os espaços.
Hagemann disse que esta demanda está sendo avaliada e que o objetivo é encontrar um meio termo.