Incluir, integrar e estimular a prática esportiva. Estes são os grandes objetivos de alunos, professores e profissionais envolvidos na 17ª edição dos Jogos dos Estudantes Surdos de Porto Alegre, que começou nesta sexta-feira (17), com as disputas individuais na Escola Superior de Educação Física, Fisioterapia e Dança da UFRGS.
Conforme a diretoria-geral de Esporte, Recreação e Lazer, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Esporte (SMDSE), oito escolas de Porto Alegre e da Região Metropolitana, envolvendo cerca de 400 atletas a partir dos seis anos, participam da ação.
— Nossa ideia é estimular essas crianças a superar seus limites, a descobrir potenciais —explicou Cláudio Franzen, 45 anos, coordenador de eventos da SMDSE.
Na primeira etapa, os inscritos participaram de provas de corrida, salto em altura e distância, lançamento de pelota e arremesso de peso. Muitos são veteranos nas competições. Róger Berndt, 28 anos, por exemplo, acompanha os jogos há 12 anos. Na manhã desta sexta-feira, recebeu a medalha de jovem adulto especial após participar de uma corrida.
— Ficar na sala de aula não é o que ele gosta, mas vir participar ele adora — conta a mãe Zuleide Berndt, 66 anos.
O dia repleto de atividades também é uma oportunidade de fazer novos amigos e conhecer novas pessoas.
— O esporte os estimula, ajuda na socialização, é quando reveem colegas e amigos — relata a professora da Escola Frei Pacífico, em Porto Alegre, Mirca Lima, 52 anos.
Expectativa para participar
A Escola Municipal Especial para Surdos, de Gravataí, esteve com 35 pessoas acompanhando e participando do primeiro dia. A ansiedade e a empolgação eram visíveis entre os alunos, acompanhados com admiração por muitos pais. Carmen Nascimento, 51 anos, mãe de Rafaela, 11 anos, disse que para a filha o momento é uma oportunidade importante, pois possibilita uma união entre os colegas. Todos torcem, vibram uns pelos outros.
— Eles esperam muito por esse dia, para participar. É quando eles conseguem ter contato com as outras escolas — completa a professora Luciana Rodrigues, 42 anos.
Eli, dedicação ao projeto há 17 anos
Idealizador do projeto que deu início aos jogos há 17 anos, Eli Daniel Thomé, 69 anos, agora acompanha a competição como voluntário. A dedicação é fruto de uma visão percebida quando ainda era professor.
— Durante toda minha vida, trabalhei com crianças surdas. E via que existiam poucas atividades que contemplassem estes jovens, não existia inclusão. Então, apresentei o projeto, que ano a ano foi se consolidando, integrando pessoas de diversos locais — lembra o docente, aposentado há cinco anos.
As provas também são abertas para pessoas com outros tipos de deficiência.
Na próxima sexta, 24, ocorre a segunda etapa dos jogos, com os esportes coletivos no Sesc Protásio Alves (antigo Sesc Campestre), na Avenida Protásio Alves, 6.220. O evento tem a parceria da Sociedade dos Surdos do Rio Grande do Sul, Sesc RS e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).