Mais de três mil cavaleiros percorreram 16 quilômetros na manhã de ontem durante a 26ª edição da Festa de São Jorge. O trajeto partiu do Belém Novo foi até o Lami, no Extremo-Sul da Capital, encerrando o percurso no Templo Universal da Paz Pai Francisco de Luanda - Tala. O dia do santo foi comemorado na terça-feira, dia 23.
Homenagear São Jorge tem significados distintos para cada um dos fiéis. A empresária Jaqueline Muller Slodkowski, 39 anos, participou da celebração pela primeira vez para cumprir uma promessa. Ela conta que, há um ano, sua família enfrentava uma grave crise financeira. Ao cruzar por acaso com a imagem do santo durante a cavalgada de 2018 – na época, ela não participava das homenagens – pediu respostas para as angustias que enfrentava, queria um alento para superar o momento de dificuldade:
– Poucos dias depois, as coisas começaram a acontecer e as oportunidades surgiram. No último ano minha vida mudou completamente para melhor. Me arrepio só de lembrar – recordou, emocionada.
Ela conta que, por seguir a religião luterana, nunca foi fiel de nenhum santo em particular nem tinha feito promessas até cruzar com a imagem de São Jorge em um momento complicado.
– Virei devota e vim aqui agradecer as respostas que consegui num momento de desespero – disse ela, que caminhou logo atrás da imagem do santo, que foi transportada em um carro aberto, abrindo a cavalgada.
Fé e tradição
Na definição de Lilian Fraga de Souza Gomes, 47 anos, e de Leandro Renato Gomes, 45 anos, participar da cavalgada une um hobby do casal aos finais de semana, que é andar a cavalo, à adoração pelo santo. A dona de casa e o motorista são tão devotos de São Jorge que há oito anos decidiram casar na Igreja que leva o nome dele, no bairro Partenon:
– Desde que me entendo por gente sou fiel de São Jorge – conta Lilian.
Para Gomes, a cavalgada é a chance também cultivar as tradições gaúchas. Entre os cavaleiros, havia representantes do movimento tradicionalista, integrantes da Brigada Militar e de diversos haras sediados no Extremo-Sul.
– Saímos de casa às 7h, sem nenhuma preguiça. Para nós também é diversão – avalia o motorista.
No Templo da Mestre Tala, onde a cavalgada terminou, os cavaleiros foram abençoados ao final do trajeto. Também foi servido um almoço e, à tarde, ocorreram atividades de homenagem aos santo com formação de corrente mediúnica e a realização de passes. No sincretismo da umbanda, São Jorge é representado pela figura de Ogum Guerreiro.