A conclusão da análise do estudo que apurou a extensão da área contaminada com cromo no bairro Niterói, em Canoas, trouxe alívio para alguns moradores da região.
Desde o começo de dezembro, quando a prefeitura lançou um alerta de contaminação do lençol freático por cromo VI – um metal pesado que, quando em alta concentração, na água, é cancerígeno – a comunidade passou a adotar novos hábitos.
A divulgação do relatório encomendado pela empresa responsável pelo vazamento, na última sexta-feira, revelou que a área contaminada é muito menor do que o perímetro de alerta estabelecido pela prefeitura há três meses.
Inicialmente, a área abrangia o quadrante que vai da BR-116 até a Rua Fernando Ferrari, e da Rua Alegrete até a Rua Minas Gerais. Agora, o relatório apontou que o local fica restrito entre as ruas Garibaldi, Júlio de Castilhos e Venâncio Aires.
Atingidos
A cabeleireira Leonilda Ferri Quilmes, 72 anos, que mora e tem salão de beleza em dois endereços da rua Garibaldi, ambos fora da área de risco, está contente com o resultado do teste.
– É realmente algo que me tranquiliza. Uma boa notícia – diz ela.
– O mais importante é que tiramos a dúvida, antes não tínhamos uma informação precisa – complementa o marido de Leonilda, Paulo Roberto Duarte, 59 anos.
A reportagem conversou com três moradores das ruas Garibaldi e Júlio de Castilhos, vizinhos da Cromagem São Vicente, empresa responsável pela contaminação. Nenhum deles aceitou se identificar.
Dois comentaram que não modificaram suas rotinas devido ao alerta da prefeitura e que a confirmação da área contaminada continuará não alterando seus hábitos. Um deles afirmou, inclusive, que segue consumindo as frutas do pátio. O terceiro morador, porém, admite que sua família deixou de consumir bananas, bergamotas e tomates cultivados:
– Sempre levei sacoladas de bergamotas para os colegas no trabalho. Hoje, a gente espera apodrecer para colocar fora – afirma.
Proposta de correção em 30 dias
A Cromagem São Vicente está com as atividades suspensas desde 18 de dezembro. A empresa atuava no processo de recobrimento metálico de objetos com o cromo.
O estudo divulgado pela Fepam na última sexta-feira foi pago pela São Vicente. A partir de agora, ela tem prazo de 30 dias para apresentar uma proposta de correção da contaminação na região.
Cabe também à empresa comunicar aos proprietários dos lotes diretamente afetados quanto aos danos ambientais.