Quando a bateria e o cavaco do bloco Areal da Baronesa do Futuro ainda se aqueciam para puxar a festa no carnaval de rua de Porto Alegre, o vocalista tascou, do alto do trio elétrico:
— Muito obrigado, São Pedro!
O tempo modorrento deste sábado (09) na Capital gaúcha, com chuva e temperatura amena, levou ao cancelamento de uma das atrações da programação. Porém, o tempo firmou a partir do meio para o final da tarde e permitiu que centenas de pessoas se reunissem na Praça Garibaldi, ponto de concentração da folia, próximo ao Ginásio Tesourinha.
A animação começou com o bloco Maria do Bairro. Um trio elétrico de grande porte foi posicionado nas vias do corredor de ônibus e o público se espalhou pela Avenida Erico Verissimo, no sentido bairro/centro, e também por toda a praça.
Do palco, os músicos mandavam marchinhas de carnaval clássicas e canções populares como "Sassaricando" e "Eu bebo sim". E dá-lhe empolgação da galera com os versos "se a canoa não virar, olê, olê, olá" e "eu mato, eu mato, quem roubou minha cueca pra fazer pano de prato".
— Não é à toa que o bloco Maria do Bairro tem nome de mulher. Maria do Bairro é resistência — disse a vocalista Vivi Schwäger, no embalo do Dia Internacional da Mulher, lembrado na véspera da apresentação do bloco em Porto Alegre.
A festa evoluiu com tranquilidade. Havia públicos diversos e, durante toda a tarde e início da noite, não houve qualquer registro de confusão. A estrutura de segurança contava com a presença da Brigada Militar, Guarda Municipal e agentes de empresa privada. A EPTC fez bloqueios e desvios no trânsito. Uma ambulância estava de prontidão para emergências e, próximo da aglomeração, era disponibilizada a realização de testes rápidos de HIV, sífilis e hepatite — chamando o público à prevenção e diagnóstico.
Organizada pela prefeitura, a festa ainda contava com pelo menos 30 banheiros químicos, bar móvel montado sobre um caminhão, vendedores ambulantes cadastrados, food trucks e tonéis plásticos espalhados pela praça para evitar o descarte de lixo no chão.
Por volta das 18h, o bloco Maria do Bairro estava por acabar. O vocalista, de discursos inflamados, queria tocar a saideira e se despedir do público. A organização cortou o som da banda e do microfone, alegando que o grupo já havia se apresentado uma hora a mais do que o previsto. Um pouco de vaia aqui e ali, mas tudo se resolveu amigavelmente. O vocalista, depois de ficar possesso com o corte do microfone, deixou o trio elétrico para cair nos braços de um grupo de cerca de 15 pessoas que o aguardava junto ao brete.
A festa continuou com um DJ, enquanto o bloco Areal da Baronesa do Futuro se preparava para entrar em cena. Diferentemente do Maria do Bairro, que tocou num trio elétrico estático, o Areal usou uma estrutura móvel de menor porte — caminhão com caixas de som— para fazer um trajeto festivo pela cidade.
O conjunto começou a cantar às 18h32min, em frente à praça, iniciando deslocamento às 18h50min. A programação, coordenada pela EPTC, previa que o cortejo teria fim na esquina das ruas Baronesa do Gravataí e Aureliano de Figueiredo Pinto.
Tendo várias jovens meninas à frente, a maioria delas paramentada de porta-bandeira e porta-estandarte, o trio elétrico do Areal avançou pelas ruas de Porto Alegre carregando centenas de pessoas no seu gingado carnavalesco.