Foram 33 acidentes por dia. Essa foi a média de Porto Alegre em 2018, de acordo com dados divulgados pela Empresa Pública de Transporte e Circulação de Porto Alegre (EPTC). Ao todo, ao longo do ano passado, foram registradas 12.047 ocorrências. Dessas, 7.873 tiveram apenas danos materiais e 4.174 foram acidentes com pessoas feridas — no total, 75 pessoas morreram.
A EPTC ressalta que os números ainda podem aumentar, já que muitas pessoas fazem registro dos acidentes de forma tardia — o último levantamento foi feito nesta sexta-feira (22).
O cenário é, de certa forma, previsível: o dia com maior número de mortes no trânsito é o sábado, com 19 vítimas, impulsionado, conforme a EPTC, pelo excesso de velocidade e pela ingestão de bebidas alcoólicas por parte de motoristas.
Conforme Diva Yara Mello Leite, engenheira que integra a equipe de Coordenação de Informações de Trânsito da EPTC, as mortes são resultado de "outro propósito de saída".
— É quando as pessoas começam a se desligar da rotina do trabalho, para aproveitar a folga. Muitos condutores abusam da velocidade nesse momento — afirma.
Em relação aos acidentes com pessoas feridas, os índices se mantêm altos ao longo dos dias úteis: o maior número de incidências ocorre na sexta, somando 678, e o menor na terça, com 627. No fim de semana, baixam um pouco: sábado registra 497 e domingo, 430.
Para João Fortini Albano, doutor em Transportes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o maior fluxo durante a semana, quando muitos veículos da Região Metropolitana adentram a Capital, resulta em mais acidentes em dias úteis. Na visão do engenheiro civil, o levantamento de 2018 "retrata o perfil de Porto Alegre".
— Não dá pra dizer que é um trânsito bom. Temos um grau de insegurança um pouco acima da média em comparação com outras cidades. Mas existe uma tendência de que esses números diminuam, porque as multas estão mais caras, a fiscalização está mais efetiva — defende Albano.
A expectativa de diminuição também é apontada por Diva. Ela explica que em 1998, quando a EPTC foi criada, foram registradas 199 mortes no trânsito. Em 2018, a empresa registrou o menor número de óbitos desde então: 75 (estamos aguardando).
Em 2018, ainda foram registrados 7.873 acidentes com danos materiais — nesses casos, o turno com mais acidentes é a tarde, seguido da manhã.
Em 2019, foco das campanhas serão os motociclistas
Diva explica que as ações de prevenção da EPTC se baseiam em dados como os divulgados. Em 2015, exemplifica a engenheira, após o registro de alto índice de mortes de idosos em atropelamentos, uma campanha de conscientização foi feita envolvendo comunidade e empresas de ônibus.
Em 2019, o foco da empresa se volta aos motociclistas: desde o começo do ano, foram seis mortes envolvendo motos — quatro condutores, um carona e um pedestre atropelado. Os óbitos estão relacionados, principalmente, ao excesso de velocidade e a condutores que circulam sem habilitação. A falta de capacete ou uso inadequado também aparece como problema recorrente.
Para Albano, a popularização do veículo como meio de trabalho pode ser um dos fatores.
— É um serviço muito forte em Porto Alegre, de motoboys, de entrega de lanches. De forma profissional, é um veículo que circula bastante durante a semana na cidade.