Com os primeiros traços feitos em 1986, o Multipalco Eva Sopher vai aos poucos aumentando a oferta de espaços de cultura em Porto Alegre. Prestes a completar um ano da inauguração do novo foyer, o complexo deverá abrir, na metade do ano, o Teatro Oficina Unimed.
Projetada para receber arquibancadas móveis, a área terá caráter inovador frente aos tradicionais teatros gaúchos, destaca o diretor administrativo-financeiro da Fundação Theatro São Pedro, Luiz Alberto Homrich Gusmão:
— Como é um teatro experimental, os 350 metros quadrados de piso poderão ser usados como palco. Por isso, ele não tem plateia fixa, são arquibancadas móveis colocadas de acordo com o diretor que fizer sua apresentação. Ele pode fazer a peça em um canto, em outro, no meio, ou simplesmente em uma jaula pendurada.
O prédio está com a estrutura pronta, mas a área onde ficará o Teatro Oficina ainda não recebeu acabamento. As paredes e o teto estão cinza e os fios, expostos. Faltam construção de camarotes, revestimento do chão, instalação dos aparelhos de ar-condicionado e colocação das arquibancadas.
— Podemos começar a funcionar, mesmo sem os camarotes. No início, vamos colocar split, para agilizar, pois o ar-condicionado central é muito caro — afirma Gusmão.
Voltado ao fomento de novos talentos e a apresentações de baixo orçamento, o espaço oferecerá salas com oficinas de capacitação, camarins e vestiários.
O teatro tem verba garantida por uma parceria entre o São Pedro e a Unimed Federação/RS, que aportará R$ 300 mil em repasses e mais R$ 700 mil via Lei de Incentivo à Cultura. Com os recursos, a entidade acredita que poderá fazer a inauguração entre junho e julho, ainda sem mezaninos.
Além da parceria com a cooperativa médica, a Fundação Theatro São Pedro assinou, no início do mês, financiamento de R$ 250 mil com a Caixa Econômica Federal. A liberação da verba depende de convênio com a Secretaria de Obras do Estado, que tem que aprovar o projeto e acionar a Central de Licitações (Celic) para a compra dos materiais, que devem ser direcionados ao piso.
Ministro acena com verbas
O complexo do São Pedro tem um custo médio de R$ 200 mil mensais, entre folha de pagamento de funcionários diretos e terceirizados, além de manutenção e despesas como água e luz. O governo do Estado informa que o orçamento de 2019 é de R$ 3,5 milhões, mas que não há previsão em repasses para obras. A secretária Beatriz Araújo (Cultura) reitera que foram feitas diversas parcerias com empresas:
— O Multipalco e o São Pedro têm capacidade de mobilização, despertam muito interesse de parcerias da iniciativa privada. Não existe verba para obras. Mas a Fundação já é bastante privilegiada com a ajuda para manutenção.
O ministro da Cidadania, Osmar Terra, visitou as instalações no dia 11. Ele afirma que o governo se comprometeu em ajudar o Multipalco com verbas federais e que, para isso, solicitou um levantamento do que falta para inaugurar todos os espaços.
O ministério pode entrar com boa parte dos recursos que faltam. A ideia é que, até o fim deste ano, consigamos os recursos
OSMAR TERRA
Ministro da Cidadania
— Queremos que seja um centro de capacitação de artistas. O ministério pode entrar com boa parte dos recursos que faltam. A ideia é que, até o fim deste ano, consigamos os recursos — afirma Terra, titular da pasta que engloba a cultura no governo federal.
Para finalização do complexo, a estimativa é de que faltam R$ 20 milhões. A Fundação realiza orçamentos com empresas especializadas, e o relatório deve ser apresentado ao governo federal entre fevereiro e março.
O projeto prevê sala circense, espaço para alunos de ballet e oficinas de dramaturgia, cenografia, iluminação, som e cenários. A ideia é de uma "universidade cultural". O teatro italiano, chamado de Novo São Pedro, terá 650 assentos, mesma capacidade do tradicional palco. Esse espaço deve ser o último a ter as cortinas abertas pelo alto custo de construção. A obra não atingiu 50% de conclusão, segundo o diretor financeiro.
Em mais de 15 anos de obras, ficaram prontos a Praça Multipalco, a Concha Acústica, um restaurante, três andares de estacionamento e a área administrativa.