A sigla #TBT — em inglês, throwback thursday, significa "quinta-feira do regresso" - é usada nas redes sociais para relembrar algo do passado. O Gaúcha Hoje aproveita as quintas-feiras para relembrar promessas, projetos, obras que ficaram no passado, paradas, atrasadas ou até mesmo que nunca saíram do papel.
Reivindicação antiga de moradores de Viamão e Alvorada e de quem vive ou vai frequentemente à zona leste de Porto Alegre, a duplicação do Caminho do Meio e do trecho final da Protásio Alves nunca saiu do papel. O início das obras esbarra na falta de verbas e problemas de projeto.
Em 2014, uma proposta chegou a ser selecionada pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. Mas, da mesma forma como aconteceu com o metrô, não andou. Acabou na lista de iniciativas que não receberiam verba da União. Ministro do Planejamento à época, Dyogo Oliveira justificou o contingenciamento em 2016:
— Estamos fazendo um amplo trabalho junto à Fazenda, de revisão das despesas e de revisão dos programas, para termos alocação mais eficiente possível dos recursos disponíveis.
No final do ano, a previsão do ministro foi confirmada, e obras do RS perderam verbas, incluindo o metrô e o valor que seria destinado ao Caminho do Meio. De um total de R$ 139,5 milhões destinados pelo Ministério das Cidades, R$ 43 milhões iriam para a duplicação e para a criação de faixa exclusiva para ônibus.
Para que a verba fosse liberada, os municípios deveriam levar os projetos para a Metroplan. Procurada por GaúchaZH, a fundação não quis se manifestar porque o assunto foi tornado "insubsistente", ou seja, que não tem fundamento, segundo a assessoria de comunicação, após o cancelamento das verbas pelo governo federal.
Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Mobilidade Urbana na Câmara de Vereadores de Viamão, Luiz Armando (PT) afirma que a prefeitura apresentou um projeto, mas que o edital era complexo e envolvia demandas que não competem à cidade:
— Estivemos muito perto, mas faltou apoio. São obras que já deveriam estar prontas há muito tempo. Viamão fez uma baita força-tarefa, mas não foi possível. Essa obra beneficiaria toda a Região Metropolitana.
O deputado federal reeleito Elvino Bohn Gass (PT) conseguiu incluir no orçamento da União de 2018 R$ 56 milhões para a obra, mas a verba foi vetada pelo presidente Michel Temer (MDB).
A duplicação incluiria a Avenida Protásio Alves, desde a Avenida Manoel Elias, e iria até a RS-040. São 9,5 quilômetros. Além de um novo asfalto, o Caminho do Meio teria nova iluminação, calçadas, ciclovia e duas faixas de ônibus exclusivas para os horários de pico. A realidade hoje é outra: pista simples, buracos em sequência, passeios de terra e nenhum espaço para bicicletas.
E o que foi feito nesses quatro anos, desde o anúncio no PAC? Engenheiro da prefeitura de Viamão, Nilton Magalhães garante que a prefeitura tem um estudo.
— O município de Viamão tem projeto completo, inclusive com viaduto entre o Caminho do Meio e a RS-040. Viamão está preparada para receber recursos e contratar a obra de forma imediata — relata.
Ainda segundo a prefeitura de Viamão, 100 mil pessoas seriam beneficiadas com a duplicação e com as melhorias, entre moradores da região e veículos que circulam pelas duas avenidas.
Em nota, a prefeitura de Porto Alegre afirmou que "empreendedores apresentaram uma proposta para elaboração de projeto da duplicação da Protásio Alves desde a altura da Manoel Elias" e que ela está sendo estudada. No entanto, "neste momento, a prefeitura não tem recursos para execução da obra".
Bairros contemplados com a duplicação do Caminho do Meio, segundo estudo da prefeitura de Viamão:
Porto Alegre: Vila Safira, Protásio Alves, Mário Quintana, Rubem Berta, Verdes Campos e Loteamentos/Condomínios Diversos
Viamão: Parque Índio Jari, Monte Alegre, Novo Horizonte, Jardim do Castelo e loteamentos condomínios diversos.
Alvorada: loteamento Algarve, Porto Verde, loteamento Nossa senhora Aparecida, vila Torotama, Stella Maris e loteamentos/ condomínios diversos.