Se os gatos da Rua Laurindo um dia vagaram pelas redondezas sem lar, hoje eles têm o próprio condomínio de casas – com direto a café da manhã, jantar e vigilância 24 horas por dia.
Por trás da ideia, está a professora aposentada Vera Ferreira, 80 anos. Apaixonada por felinos e preocupada com a situação dos animais que viviam pela via do bairro Santana, ela espalhou uma dezena de caixas de papelão, que hoje servem de abrigo a oito gatos, ao redor de duas árvores em frente ao prédio onde mora. Há dois anos que, no início das manhãs e aos fins da tarde, ela repõe a ração dos bichinhos, que aguardam ansiosamente – em posição de sentido – no mesmo horário diariamente.
– É uma paixão antiga que se transformou em um projeto que tem como responsáveis eu e mais três companheiras. Fizemos a castração de todos os gatos e oferecemos cuidados de alimentação e segurança a eles – conta Vera.
A segurança é, de fato, reforçada. Por uma câmera de vigilância instalada na sacada do apartamento, a aposentada controla a movimentação da rua e tenta coibir maus tratos, como relata já ter flagrado:
– Os gatos estão cadastrados como comunitários da rua, e eu sou registrada como tutora. Então, me sinto muito responsável pelo bem-estar deles. Com a gravação de imagens, tenho provas sobre qualquer coisa de ruim que alguém tente fazer a eles.
Sob o conforto de casinhas, comida e carinho da vizinhança, Bonifácio, Lalinha, Barbie, Lili, Bebel e Victoria – os felinos mais assíduos da gatolândia – deitam e rolam.