Enquanto o projeto de revitalização não sai do papel, a Praça da Matriz, no coração do Centro Histórico, deteriora-se sob o olhar dos três poderes. Uma simples caminhada ao redor da área é suficiente para que se perceba a falta de conservação de uma das áreas mais nobres da cidade.
É imperativo ter atenção às pedras portuguesas soltas e às dezenas de buracos pelo caminho — problema sem previsão de ser solucionado, já que o material está em falta, segundo a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos. O cenário também é composto por grama alta sobre a calçada, vegetação dos canteiros que avançam no passeio — a prefeitura confirma que a última capina foi feita há mais de um mês, e a poda dos arbustos, na metade do ano passado —, postes de luz vandalizados e bancos desgastados.
—Já foi mais bonito, mais limpo e mais seguro. A praça está assim há bastante tempo, mas nem sempre teve essa aparência — lamenta Eliana Argenti, 71 anos, moradora da região há quase duas décadas.
O professor aposentado Pedro Oliveira, 80 anos, é outro saudosista:
—Nos tempos de estudante, lia muito e passava o recreio com os amigos aqui. A praça era de uma segurança total e absoluta. Hoje, está praticamente sem cuidado nenhum.
Segundo a prefeitura, o corte da grama e da folhagem será realizado nas próximas semanas. As pinturas dos bancos ocorrerão até o final de março. Na sexta-feira (4), a secretaria disse que os buracos abertos em postes durante furtos de fios seriam tapados imediatamente.
Se há prazos para intervenções pontuais, não se pode dizer o mesmo de uma recuperação mais abrangente. Há quase cinco anos, o projeto de revitalização da praça está empacado, apesar de pronto e orçado. Para abrir uma licitação que contratará uma empresa que ficará responsável pelas obras, o Executivo precisa do aval financeiro da Caixa Econômica Federal os R$ 2,8 milhões solicitados virão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
— O pedido foi encaminhado em maio, mas ainda não obtivemos a liberação. Temos esperança que a resposta positiva chegue até o fim de fevereiro, e que a reforma comece na metade do ano — diz Luís Merino, arquiteto da Secretaria Municipal da Cultura e um dos responsáveis pelo projeto.
As obras poderiam ter iniciado ainda em 2014. Na ocasião, uma empresa chegou a ser escolhida, mas, sem garantias financeiras, jamais assinou o contrato. Três anos após a contratação, o processo voltou à estaca zero.
Quando iniciada, a reforma incluirá — além da manutenção do calçamento — a recuperação dos canteiros e da vegetação, melhoria na iluminação da praça e compra de mais bancos para os frequentadores. A estimativa é de que ela tenha a duração de um ano.