A foto de centenas de participantes de braços pra cima na Orla do Guaíba, no final de tarde deste domingo (27), encerrou um bem sucedido e escaldante safári de pokémons em Porto Alegre, o primeiro em uma cidade brasileira.
Segundo a prefeitura e a organização do evento, desde sexta-feira (25) passaram pelo Pokémon Go Safari Zone 22,5 mil participantes credenciados. As vagas foram sorteadas gratuitamente entre 125 mil candidatos. Como pelo menos um terço deles vieram a Porto Alegre acompanhada, a prefeitura calcula mais de 30 mil "caçadores" à margem do Guaíba. A maioria de jovens adultos entusiastas do jogo, que virou febre em 2016.
Dentro do aplicativo, o grande barato era a oportunidade de caçar pokémons raros, capturados pelo celular em realidade aumentada (o monstrinho aparece quando a câmera do celular aponta para ele). No evento de Porto Alegre, a principal atração era o Relicanth, pokémon em forma de peixe que, fora de eventos, só pode ser capturado na Oceania.
Outros pokémons deram as caras em Porto Alegre em versões alternativas raras, com cores diferentes das tradicionais. Esses e outros eram caçados por jogadores de sombreiros e até guarda-chuvas para se resguardar do sol, sob o risco de mudarem a cor da pele sob o calor de 35°C assim como os monstrinhos virtuais.
Fora da tela, o safári valeu para trazer turistas a Porto Alegre, especialmente para a Orla revitalizada. Dos 25 mil ingressos distribuídos, apenas 15% dos jogadores eram porto-alegrenses. A maior parte veio de outras cidades e Estados (60%) ou países (25%). Antes da capital gaúcha, apenas Japão, Estados Unidos, Alemanha e Taiwan receberam os safáris.
— Tinha uma impressão diferente de Porto Alegre, de um lugar mais fresco. Valeu muito a pena ter vindo para conhecer a cidade e pessoas de outros lugares — conta o suado Eliakym Bernardo, 30 anos, mineiro de Barbacena.
— Eu já havia feito passaporte esperando o próximo país em que houvesse o safári. Quando anunciaram no Brasil mesmo, nem acreditei. Vim correndo a Porto Alegre — conta Aline Vieira, 28 anos, de Brasília.
A Niantic, empresa organizadora, investiu US$ 300 mil (R$ 1,12 milhão) no evento, sendo R$ 50 mil em encargos à prefeitura pela limpeza urbana, compensação ambiental e monitoramento do trânsito. Cerca de 200 trabalhadores atuaram ao longo dos três dias.
O Pokémon Go Safari Zone contou ainda com um lado social: mais itens de higiene pessoal e de alimentos não-perecíveis foram coletados para as vítimas de Brumadinho (MG). Em troca, os jogadores solidários foram recompensados com uma "super incubadora": acessório do jogo que serve para acelerar o nascimento de pokémons coletados ainda em forma de ovos. Somado os donativos do evento com outros recolhidos no Tesourinha, foram mais de 6 mil item recolhidos pela prefeitura.