Um dos pontos turísticos mais emblemáticos da Capital virou safári geek na manhã desta sexta-feira (25). Munidas de celulares, dezenas de pessoas foram até a Orla Moacyr Scliar para caçar Pokémon Go Safari Zone, que segue até domingo (27).
Não era apenas mais um dia na vida dos fãs do jogo virtual lançado em 2016. Durante o evento, que já foi realizado no Japão, nos Estados Unidos, na Alemanha e em Taiwan, são disponibilizados pokémons raros. Assim como no desenho que inspirou a brincadeira, os jogadores podem capturá-los.
Apesar da premissa lúdica, crianças eram minoria entre as pessoas que rumaram para a orla do Guaíba por volta das 10h desta sexta-feira, quando o evento começou. Adultos sozinhos ou em grupos, muitos deles de fora de Porto Alegre, eram o tipo mais comum circulando de celular na mão no trecho entre a Usina do Gasômetro e o Parque Marinha do Brasil, onde os espécimes incomuns podem ser encontrados.
Fazendo uma selfie com tótens de personagens instalados no gramado, os paraibanos Anna Raphaella e Luendrio, ambos de 32 anos, conjugaram a paixão pelo jogo com uma lua de mel tardia: casaram-se em agosto e escolheram adiar o passeio para capturar pokémons na capital gaúcha.
— Já peguei dois Shine (um pokémon brilhante). Estou bem feliz. Acho que vai valer a pena — conta a professora de inglês que mora em Campo Grande.
O casal que chegou a Porto Alegre na quarta-feira (23) foi dos primeiros a aparecer no local, por volta das 10h. Eles tentavam liberar o jogo por meio do ingresso virtual que conseguiram para três dos quatro celulares — cada um tem dois — utilizados para a brincadeira.
Não eram os únicos a investirem pesado para ampliar a carta de personagens. Natural de Niterói, no Rio de Janeiro, Rodrigo Moreira também trouxe dois telefones para a caçada. Enquanto em um deles capturava os pokémons da forma "convencional", com o dedo sobre a tela, o outro era controlado por uma pulseira que faz o trabalho sozinha.
— Também daria para fazer batalhas, mas aqui eu só quero pegar pokémons para conseguir trocar com os amigos. Estão contando com isso — diz o profissional autônomo de 36 anos.
Moreira começou bem. Tão logo conseguiu acessar o jogo com o ingresso virtual,capturou seu primeiro pokémon, o Relicanth ("um peixe horrível", segundo ele). A ideia era pegar o máximo de cada exemplar raro para poder intercambiar com amigos. Nem só de Pokemón Go, no entanto, será sua estadia em Porto Alegre. Pretende intercalar o safári virtual com festas com os amigos gaúchos.
Já Michel e Elisandra Scariott viajaram 12 horas de carro de Toledo, no Paraná, até a Capital, focados na brincadeira. O casal que trouxe junto o filho Lorenzo, de um ano e meio, planeja cumprir missões e capturar o máximo de pokémons para trocar em sua cidade natal até domingo, e voltar para casa no começo da semana.
— Temos um grupo de WhatsApp com 163 pessoas que jogam na nossa cidade. Já está rolando uma pressão (pelos pokémons) — brinca o técnico em informática.
Os conterrâneos deverão entrar na fila. Como jogam separados, Michel e Elisandra ajudam primeiro um ao outro a evoluir no jogo, enquanto se revezam entre os cuidados com Lorenzo.
— Comecei a jogar para acompanhar ele, mas de uns seis meses para cá criei a minha conta. Agora tenho que cumprir as missões — conta a educadora social de 24 anos.
"A orla é perfeita para o nosso jogo", diz vice-presidente da Niantic
Sorteados pela internet, os ingressos para o Pokémon no Go Safari Zone foram disputados. Cerca de 125 mil pessoas pleitearam a chave de acesso ao jogo, liberado para 25 mil usuários.
O acesso à orla ficará aberto à circulação de pedestres durante todo o evento, que disponibiliza ao longo do trecho três áreas de descanso, com banheiros químicos, food trucks e água mineral gratuita. A expectativa da organização é de que o público supere o número de ingressos vendidos — além dos personagens que só aparecem para quem tem o ingresso, outros serão disponibilizados.
— Estamos esperando de sete a 10 mil pessoas por dia. Temos feito eventos por todo o mundo e não vimos uma locação tão boa como a orla. É prefeita para o nosso jogo, porque convida a caminhar, tem segurança, bons restaurantes — diz Omar Tellez, vice-presidente da Niantic, criadora do jogo.
Segundo Tellez, além da Guarda Municipal e da Brigada Militar, a empresa contratou uma empresa de segurança privada para o evento. O investimento total no Pokémon Go Safari Zone de Porto Alegre teria sido de US$ 350 mil.