Em sua 17ª edição, o projeto social Rasteira na Fome mistura ações de cultura, esporte e música com o objetivo de promover a solidariedade. Valorizando a cultura negra, a iniciativa arrecada alimentos para comunidades carentes de Porto Alegre e Região Metropolitana. Neste ano, o projeto recebeu 1,5 tonelada de alimentos. O encerramento das atividades ocorreu neste domingo no Jardim Botânico, em Porto Alegre, junto com o fechamento da Semana da Consciência Negra.
Unindo mestres capoeiristas de diversos estados, o projeto promoveu uma aula aberta da arte marcial para crianças e adolescentes de escolas públicas e privadas da Capital. Antes da aula, teve roda de música e alongamento. O fechamento do evento teve show da banda Chimarruts, madrinha do projeto desde 2003. Cada participante colaborou com três quilos de alimentos não perecíveis.
Organizador do projeto, o professor Fabiano Silveira afirma que o gingado da capoeira une diferentes classes sociais, sem distinção entre os participantes:
– Capoeira é uma das maiores ações de inclusão social que eu conheço. Para esta arte, todo mundo é igual. Fazer este projeto acontecer é algo que sempre me emociona. O objetivo é que ele ajude a despertar em nós a vontade de ajudar o próximo.
O mestre Roberto Ávila complementa ao argumentar que a capoeira aceita todo tipo de pessoa, indiferente da idade, envolvendo música, jogo, canto e vibração no mesmo espaço.
– A gente percebe que a capoeira consegue entrar em todos os espaços. Dou aulas na periferia e na escola privada, e a capoeira transita em todos os ambientes da mesma forma – exemplifica.
Alunos do mestre Roberto, Murilo Gensas Pereira e Fernando Rosolen Kijner, ambos com nove anos, praticam a arte há cinco anos e têm na ponta da língua diversos dos conceitos que a expressão cultural ensina:
– Com a capoeira você passa a aprender auto-defesa, fortalece as amizades com quem pratica, aprendendo a respeitar e a cuidar do próximo – afirma Murilo.
– É importante entender que a capoeira não é uma luta, mas sim uma expressão de defesa. Não é para atacar os outros, mas sim uma forma de comunicação – explica Fernando.
O discurso da criançada é alinhado com aquilo que a capoeira representa na vida dos seus adeptos: uma arte marcial brasileira cercada de valores focados em contribuir para a melhora nas relações interpessoais e na formação do cidadão.
– A capoeira tem uma capacidade fora do normal de manter as crianças em um bom caminho – afirma o mestre de capoeira Carlos Roberto Galvão, que veio de Foz de Iguaçu participar do evento em Porto Alegre.
Ao longo dos 17 anos do projeto, o Rasteira na Fome já arrecadou mais de 100 toneladas de alimentos distribuídos para 53 instituições de caridade e 20 comunidades carentes.