A festa em que uma mulher foi baleada, na madrugada desta quinta-feira (15), nas proximidades do Anfiteatro Pôr do Sol, na Orla do Guaíba, em Porto Alegre, era irregular. A afirmação é da prefeitura da Capital, que diz não ter sido informada e tampouco autorizado a festa através do Escritório de Eventos, órgão da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico.
O evento é uma espécie de rave improvisada, sem estrutura própria: os participantes ouviam e dançavam música eletrônica com o equipamento de som de automóveis estacionados no local. As bebidas eram armazenadas em caixas térmicas e não havia banheiros químicos. A Guarda Municipal estima que, por volta das 9h desta quinta-feira (15), havia ao menos 200 pessoas no local.
Para sair do local, motoristas que deixaram a festa furaram os bloqueios feitos pela EPTC para o trânsito de pedestres na Avenida Beira-Rio.
Comerciantes da região reclamaram da realização da festa. O dono de uma das barracas que fica nas proximidades da área destinada a exercícios físicos chegou a dormir dentro de seu acampamento quando descobriu que ocorreria a aglomeração. Conforme ele, da última vez em que uma festa foi realizada no local, a sua estrutura foi arrombada e diversos itens foram furtados.
O homem foi acordado com o barulho de tiros e a confusão na festa.
— É comum o pessoal aqui atirar nas árvores, na água do Guaíba, por nada. Uma outra vez, quebraram o banheiro que alugamos para usarmos e para os clientes. E nunca tem ninguém da prefeitura ou da polícia — comentou.
Comerciantes vizinhos reclamaram ainda que a festa também afasta o público tradicional dos estabelecimentos.
Plano de atuação
Questionada sobre o que pode ser feito em casos em que a prefeitura não é avisada, a Secretaria Municipal de Segurança informou que iniciará um diálogo junto com outros "órgãos de segurança para montar um plano de atuação para futuras situações semelhantes".
O comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Rodrigo Mohr, também afirmou que a Brigada Militar não foi avisada sobre o ocorrido e fez patrulhamentos após o tiroteio.
Para o oficial, "é uma irresponsabilidade" a realização de eventos como este sem o aviso prévio de autoridades.
— Pessoas fazem eventos onde querem, quando querem e não aparece um responsável pelo evento. Quando acontece um problema, a culpa é do Estado, da Brigada Militar — criticou.
A reportagem não encontrou nenhum organizador do evento.
Em agosto deste ano, a prefeitura foi surpreendida com a organização de uma festa funk no trecho revitalizado da orla. Naquela oportunidade, a prefeitura ameaçou multar os organizadores.
Confira a nota da prefeitura sobre a festa desta madrugada:
"A Prefeitura de Porto Alegre esclarece que a festa realizada no Anfiteatro Pôr- do-Sol, na madrugada desta quinta-feira, 15, não foi informada e tampouco autorizada pelo Escritório de Eventos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE). A Guarda Municipal de Porto Alegre também não tomou conhecimento da realização desse evento o que impossibilitou a organização de efetivo para atuação.
'O aviso prévio e autorização do evento é importante para a organização do efetivo, planejamento e otimização de recursos, devido às demandas atualmente atendidas pela corporação', explica o comandante da Guarda Municipal, Roben Martins. De acordo com o comandante da Guarda Municipal, a Secretaria Municipal de Segurança (SMSEG) iniciará um diálogo junto aos órgão de segurança para montar um plano de atuação para futuras situações como esta."