Todas as terças-feiras, um grupo de artistas se reúne no Santander Cultural, na Capital, para ensaios. É o grupo Teatro na Maturidade, que proporciona a experiência de subir ao palco para pessoas com mais de 50 anos desde 2005. Os participantes, de Canoas, Alvorada e outras cidades, encontram por lá uma nova forma de viver.
Para a coordenadora do projeto e professora de teatro no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Carmen Soares, 59 anos, o Teatro na Maturidade se tornou uma família.
– Conviver faz bem. Eles se encontram, conversam, viram amigos. Essa relação é legal, pois quando você tem um grupo, divide coisas do dia a dia e enxerga que isso não é um problema só seu, que é um problema de todo mundo da sua idade – afirma Carmen.
Apresentações
Atualmente, os alunos, que participam gratuitamente do projeto, apresentam a peça O Doente Imaginário, de Molière, feita pela primeira vez em 1673, na França. As apresentações ocorrem a cada duas semanas, em locais onde o grupo é convidado para interpretar. Neste ano, já foram feitos espetáculos em locais como a Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase) da Vila Cruzeiro, o Teatro do Serviço Social do Comércio (Sesc), a Associação dos Aposentados da Companhia Riograndense de Telecomunicações (AACRT) e o Centro Cultural de Esteio.
Cerca de 15 pessoas participam do grupo. A artista mais velha tem 82 anos, e a mais nova, 54. Para a professora de educação física aposentada Maria Dorfman, a vovó e ao mesmo tempo o bebê do grupo, pois entrou na equipe este ano, o Teatro na Maturidade é essencial.
– Viver é bom somente quando se está realmente vivendo. Devemos entrar ali, aqui, fazer bagunça, brincar, rir, cantar, escrever, ler. Artista não tem idade – conta ela, que representa um tabelião da peça.
Há cerca de quatro anos, o gerente de farmácia aposentado Jorge Praiana, 69 anos, decidiu dedicar-se ao teatro. Para ele, que interpreta Argan, um homem hipocondríaco na peça, qualquer pessoa pode ser artista:
– Eu dedico todo o amor ao teatro, e sei que todo mundo pode. Procuro dar o máximo de mim.
Atitude para melhorar a saúde
Além de ser uma ocupação para os participantes, o teatro é visto por eles como um ato de promoção da saúde. Para a socióloga, funcionária pública e telefonista aposentada Ana Maria Rodrigues da Silva, 68 anos, o grupo virou uma opção após largar os trabalhos, pois antes tinha o tempo livre dedicado aos filhos.
– Na aposentadoria, me entreguei de corpo e alma à arte – conta a artista, que faz a empregada Nieta.
De acordo com Ana, no grupo há quatro anos, uma vida ligada ao teatro, música, dança é importante para a saúde:
– Quem faz teatro não precisa tomar remédio. Pra mim, isso aqui é o meu combustível para viver.
Amizade
Professora aposentada, Iliane Menezes, 60 anos, sabia que não conseguiria ficar só em casa quando parou de dar aulas. Depois de assistir a uma apresentação do grupo, decidiu se inscrever. No início, ficava ansiosa no palco. Com o passar do tempo, se deixou dominar pelo amor:
– Se eu não estivesse aqui ou tivesse a companhia do grupo, meus amigos, eu estaria em casa depressiva. É uma forma de tirar a gente do buraco e nos obrigar a viver .