A realocação de professores para escolas municipais, com o objetivo de preencher horários em que alunos estavam sem aulas, gerou outra preocupação. Além dos frequentadores do Ginásio Tesourinha, moradores do bairro IAPI, na zona norte de Porto Alegre, estão aflitos com a saída de profissionais que orientavam atividades físicas no Parque Alim Pedro.
— O maior medo de as atividades pararem é gerar uma insegurança enorme no local, porque o parque é grande. Temos uma igreja, uma associação dos moradores, um colégio aqui perto. Com gente circulando, não tem problema. Mas, com pouca circulação, a gente fica preocupado — afirma Nelsi Girardi, que reside na região há quase 30 anos.
O Parque Alim Pedro é tradicionalmente um espaço de inclusão social por meio do esporte. Ali, são realizadas caminhadas, ginástica para adultos e idosos, futebol, futsal, tênis e vôlei.
Dos seis professores responsáveis pela orientação, dois foram transferidos para escolas. De acordo com a associação de moradores do bairro, o futebol para crianças e adolescentes já foi suspenso.
— A prefeitura nos pediu sensibilidade. Dizem que precisam fechar o ano escolar e que, para isso, têm de realocar os nossos professores, mas eu pergunto: que tipo de gestão escolar é essa? — questiona Nelsi.
Em nota, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Esporte afirma que "nenhum equipamento esportivo deixará de oferecer atividades à comunidade" e que "haverá reorganização das escalas de trabalho".
— Estamos substituindo modalidades, juntando turmas menores e, até o fim da semana, vamos alocar professores que estavam apenas na gestão para orientar as atividades — diz a secretária Denise Russo.
A pasta contava com 89 professores, sendo 32 cedidos pela Secretaria Municipal de Educação (Smed), que solicitou o retorno desse número. Cabe ao Desenvolvimento Social e Esporte administrar sete centros esportivos, seis parques, uma praça e dois ginásios na Capital.