Em assembleia-geral na tarde desta terça-feira (4), o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) decidiu manter a paralisação da categoria, que se estende há 35 dias. Os grevistas exigem diálogo com o prefeito Nelson Marchezan, a reposição salarial de acordo com a inflação e o pagamento integral dos salários dos servidores. Caso as demandas não sejam atendidas, o grupo afirma que irá processar a prefeitura da Capital.
Segundo um dos diretores-gerais do sindicato, Jonas Tarcísio Reis, havia cerca de mil pessoas na assembleia, que ocorreu na Escola Imperadores do Samba, na Zona Sul. Ele ressalta que, neste ano, foram enviados pelo menos 10 ofícios à prefeitura solicitando reuniões com o prefeito — nenhum teria sido respondido. Reis também critica o déficit no quadro de professores da rede municipal — que seria de 600 profissionais — e o fechamento de leitos no Hospital de Pronto Socorro (HPS).
A sensação dos municipários, relata o diretor, é de "indignação" para com o poder público, que os acusariam de ser "bandidos", "criminosos" e "partidários". Caso a reposição salarial e o quitamento dos pagamentos não sejam atendidos, o Simpa deve protocolar uma ação judicial.
— A história de que a prefeitura não tem dinheiro é fake news. Queremos preservar o poder de compra dos trabalhadores e cumprir o que está na legislação: a reposição de acordo com a inflação e os salários em dia. Se ele não cumprir a lei, vamos entrar na Justiça para que ele respeite a Lei Orgânica — afirma Reis.
Por nota, a prefeitura de Porto Alegre diz que a demanda de diálogo com o prefeito Nelson Marchezan "virou obra de ficção". O comunicado diz ainda que a greve tem "interesse eleitoral de seus dirigentes e militantes". Os objetivos do Simpa seriam "conquistar espaço na mídia", mesmo que isso possa causar "prejuízo à mobilidade urbana do trabalhador e do empreendedor".
"Ao insistir em uma paralisação sem sentido, a não ser o proveito particular e partidário de seus dirigentes militantes, o Simpa se afasta dos bons servidores que prestam serviços públicos à população de Porto Alegre. Mais do que isso: penaliza as pessoas que mais precisam de atendimento essencial na saúde, educação e assistência social no município", informa a nota.
Em outro comunicado da prefeitura enviado na segunda-feira (3), em resposta aos protestos da categoria, a prefeitura havia dito que "a falta em sala de aula é de 35 professores de 40 horas, o que corresponde a 3% do total necessário para o exercício docente". A Secretaria Municipal de Educação (Smed) afirma que "os alunos irão completar tanto a quantidade quanto o conteúdo até o fim do ano letivo"