O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) apresentou ao secretário da Saúde de Porto Alegre, Erno Harzheim, um relatório apontando falta de profissionais e problemas estruturais no Hospital de Pronto-Socorro (HPS). O encontro ocorreu nesta terça-feira (6), um dia após a entidade fazer uma vistoria no HPS.
De acordo com o presidente do sindicato, Paulo de Argollo Mendes, a entidade costuma fazer visitas rotineiras em todas as instituições — públicas e privadas. No entanto, no caso do Pronto-Socorro, Argollo afirma que a inspeção ocorreu em razão de reclamações de pacientes por meio da Associação Brasileira em Defesa dos Usuários de Sistemas de Saúde (Abrasus). Eles relataram demora no atendimento.
— O sindicato visitou o prédio inteiro e encontrou alguns pontos de estrangulamento. Já vinhamos preocupados com as dificuldades de atendimento no HPS. Falta profissionais, há áreas de atendimento que estão fechadas, falta equipamento, isso tudo prejudica o atendimento à população e nos preocupa muito — comenta o presidente do Simers.
Durante a visita, a diretora técnica do sindicato Clarissa Bassin disse ser necessário pelo menos 30 novos profissionais para garantir atendimentos e organizar o serviço. Conforme o Simers, faltam médicos nas áreas de cirurgia e de trauma, além de enfermeiros e técnicos de enfermagem e equipamentos de avaliação de paciente, como o de ecografia. Na área destinada a pacientes em observação, a entidade informa ter encontrado superlotação de macas — o espaço teria capacidade para 15 leitos, mas chega a abrigar 25.
Outra área apontada pelo sindicato como crítica foi a enfermaria de ortopedia e trauma, no segundo andar, que está fechada desde o ano passado. A entidade também chamou a atenção para a perda de 36 leitos em cinco anos, que foram motivados por reestruturação das dependências.
— Há boa vontade (da secretaria) de resolver, mas com o tempo aprendemos que todos os gestores da saúde sempre tem boa vontade, o difícil é fazer acontecer. Vamos manter essa vistoria permanentemente. Se for necessário, vamos envolver o Ministério Público. Entendemos que é preciso contratar médicos em regime emergencial, às vezes leva muito tempo para chamamento de concurso público — relata Argollo.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a enfermaria de ortopedia e trauma é a área mais antiga do Hospital e está passando por um processo de modernização. Uma empresa especializada em engenharia hospitalar será contratada para executar a reforma, conforme a pasta. O prazo de conclusão depende da complexidade da obra. De acordo com o secretário Erno Harzheim, a prefeitura está impedida de fazer novas contratações, já que há um desequilíbrio entre receitas e despesas:
— Nada desses fatos trazidos pelo Simers é desconhecido por nós. Estamos tendo algumas dificuldades. Estaremos nomeando municipários para a realização de serviços não só no HPS, mas também no Hospital Municipal Getúlio Vargas e no Samu, que acontecerão conforme o equilíbrio fiscal. As coisas vão acontecendo.
Sobre a falta de equipamentos, o secretário disse que a pasta tem orçamento liberado para equipamentos da rede de saúde e que, na segunda-feira (5), "foi liberado um pedido de compra de um novo tomógrafo", além de um equipamento para cirurgias traumatoortopédicas.
— Teremos um bom volume de recursos para comprar equipamentos e mobiliários ao longo do ano. Estamos, ainda, finalizando a obra de uma área para abrigar apenados e servidores da Susep, que nas próximas semanas deve ser inaugurada, além da reforma da sala de ecografia — diz o secretário.