A ocupação do prédio da prefeitura de Porto Alegre, nesta terça-feira (7), é a ação mais radical encabeçada pelo Sindicato dos Municipários (Simpa) desde o início do governo de Nelson Marchezan. Pela manhã, um grupo de servidores tomou o Paço Municipal exigindo abertura de uma mesa de diálogo e negociação salarial.
— Queremos discutir os problemas dos servidores. Nossa permanência vai depender exclusivamente do prefeito, de enviar pelo menos um secretário aqui para iniciarmos o diálogo — explica Alberto Terres, diretor-geral do Simpa.
Em greve desde 31 de julho, os municipários reclamam seguidamente que Marchezan não os recebe. Eles querem reposição inflacionária dos últimos dois anos, além de recomposição das perdas salariais. Segundo a categoria, o achatamento dos vencimentos chega a 14%.
Na segunda-feira (6), o Executivo conseguiu aprovar na Câmara Municipal, por 19 votos a 15, a criação de um regime de previdência complementar, o que contrariou ainda mais os municipários. A prefeitura se comprometerá a pagar apenas as aposentadorias até o teto do INSS (R$ 5,6 mil) — para receber acima desse valor, o municipário terá de contribuir para um fundo próprio, com gestão dos próprios servidores.
No meio da tarde desta terça-feira, representantes dos servidores iniciaram a segunda reunião do dia no Paço Municipal com a Brigada Militar. Mais cedo, o prefeito havia pedido a presença da corporação para "detenção, identificação e desocupação". O impasse, conforme os servidores, reside na ausência do prefeito ou de um representante seu no local que reabre as negociação com a categoria.
No início do mês, o Simpa havia feito outra tentativa de negociação: entregou à Câmara Municipal um pedido para que o Legislativo intervenha junto à prefeitura para que a mesa de negociação salarial da categoria seja retomada. No ano passado, ocorreu a mais longa greve da categoria, de 40 dias.
A prefeitura não colocou um porta-voz em contato com a imprensa. Em nota, definiu a invasão como "truculência" e "desrespeito à população"