Há duas semanas, os moradores de alguns bairros de Alvorada não veem mais o caminhão do lixo circulando pelas comunidades nas terças, quintas e sábados, como deveria ocorrer. O resultado disso é o lixo acumulado nos cestos das residências e em pontos que vem se transformando em pequenos lixões.
Foi o que aconteceu em frente à casa de Paula Machado, 28 anos. A dona de casa conta que, indignados com a falta de coleta, moradores começaram a fazer o descarte em um terreno baldio em frente a casa dela. A consequência, além do mau cheiro, são os roedores que já começaram a proliferar.
— Tenho uma filha de dois anos que não pode mais brincar aqui na frente. Os ratos passando representam um risco não só pra saúde dela, mas de todos os moradores — reclama Paula.
Até na UBS
Nem os locais públicos estão sendo atendidos. Na Unidade Básica de Saúde (UBS) Stella Maris, a grade está repleta de sacolas de lixo. Enquanto aguardava o atendimento da filha do lado de fora da UBS, o barman aposentado Salvador da Silva Camargo, 70 anos, dividia espaço com os resíduos e as obras que estão ocorrendo no local.
— Nem no posto de saúde está sendo recolhido, para vocês verem. Na minha rua também está há mais de 10 dias sem passar o caminhão — aponta Salvador.
Com o acúmulo de resíduos, cães começaram a rasgar as sacolas para revirar o lixo. Sem o serviço de recolhimento, algumas ruas de bairros como Stella Maris e Jardim Aparecida estão tomadas por embalagens, restos de alimentos, fraldas e outros itens comuns do descarte doméstico.
— As sacolas ficam muito tempo ali, aí os cachorros começaram a revirar. Nós, moradores, não sabemos o que fazer. Vamos ter que levar o lixo de volta pra casa? — questiona Salvador.
Queima
Para o porteiro Élvio Vieira Alves, 50 anos, e a esposa, a dona de casa Márcia da Silva Alves, 43 anos, a situação é ainda pior. Um grande terreno com mata e descampado, próximo da residência onde moram, na Rua Raquel Wolff, se transformou em ponto para queima dos resíduos.
— Sem recolhimento, a comunidade acaba jogando o lixo ali durante o dia e queimam tudo à noite. Só que a fumaça é insuportável, está ficando difícil até permanecer dentro de casa — reclama Élvio.
Márcia ainda relata que no início da semana um caminhão ainda foi visto na comunidade, mas passou em poucas ruas:
— A impressão que eu tenho é que deram um jeito de recolher em pontos de mais movimento. Mas, não adiantou, já está tudo cheio de lixo de novo. O que nós precisamos é que o serviço volta a funcionar direito logo.
Coleta deve ser normalizada nesta semana
A reportagem entrou em contato com a prefeitura de Alvorada na manhã de ontem. Em nota, a administração pública respondeu que as duas carretas responsáveis pelo transbordo do lixo do aterro sanitário da cidade até a Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), em Minas do Leão, a cerca de 100 quilômetros do município, tiveram problemas mecânicos.
Com isso, o lixo se acumulou no aterro da prefeitura até o ponto de a coleta precisar ser interrompida. A empresa terceirizada responsável pelo serviço trouxe três caminhões de São Paulo para atenderem a demanda. Com isso, a prefeitura garantiu que o problema começou a ser resolvido.
Nesta quarta (29), a empresa colocou ainda um caminhão extra nas ruas para recolher os resíduos e "tentar solucionar a questão o mais rapidamente possível". Segundo a nota, a coleta deve normalizar nos próximos dias. A administração ainda ressaltou que está em dia com o pagamento da empresa que recolhe os resíduos e não foi essa a razão da interrupção do serviço.
Quanto ao lixo na UBS Stella Maris, a Secretaria Municipal de Saúde de Alvorada informou que as sacolas estavam ali pois a unidade recebeu a informação de que o recolhimento ocorreria ontem.
Moradores podem pedir informações ou reclamar por meio do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da ECOPAV, pelo telefone (51) 3442-1934.