A Praça Professor Jorge dos Santos Rosa, que em 2017 era um ponto de encontro para os moradores do bairro Rubem Berta, em Porto Alegre, virou um matagal. A área, com cerca de 500 metros quadrados, parece abandonada: a grama não é cortada e os bueiros não são desentupidos há pelo menos seis meses, conforme relatos de quem mora na região.
A reclamação foi registrada no aplicativo Pelas Ruas, do Grupo RBS. A esteticista Kátia Leite, 52 anos, lembra que, antigamente, a praça abrigava diversos tipos de eventos comunitários, como campeonatos de skate, apresentações de dança e cultos religiosos, por exemplo. Ela diz que, hoje, a pista de skate e as duas pracinhas da região, além de estarem com os brinquedos danificados, são escondidas pela alta vegetação. Kátia diz que quem aproveita o local são os bichos, que encontraram no matagal um lugar perfeito para se esconderem.
Qual a diferença do IPTU pago nesses bairros para o do pago no Parque dos Maias?
KÁTIA LEITE
Esteticista, moradora do bairro Rubem Berta
— Vemos um monte de ratos, baratas, escorpiões aqui. Temos uma praça ótima, mas não podemos usar. Os brinquedos estão quebrados, não dá pra colocar uma cadeira pra tomar chimarrão. Tem até churrasqueiras aqui. A Redenção, o Parcão e o Ecoville, por exemplo, estão tri cuidados, mas a nossa praça está largada. Qual a diferença do IPTU pago nesses bairros para o do pago no Parque dos Maias?
O local também abriga a Unidade de Saúde Parque dos Maias, que é conveniado ao Grupo Hospitalar Conceição (GHC). Quem precisa de atendimento médico precisa ir para a fila esperar a retirada de senhas antes do nascer do sol, em meio à alta vegetação.
— Temos que pegar fila de madrugada. O mato está tão alto que dá até pra uma pessoa qualquer se esconder aqui. A gente morre de medo. O posto até colocou uma tela para evitar bichos.
O funcionário público Cássio Rodrigues, 43 anos, relata que, se tivesse maiores condições financeiras, mobilizaria os vizinhos para fazer a manutenção da praça por conta própria. Entretanto, enquanto a prefeitura de Porto Alegre não atende às demandas da população, ele busca alternativas para passear com a família:
— Se tivéssemos mais renda, adotaríamos a praça. Mas não dá, é muito custo, e um cortadorzinho de grama não adianta aqui. Somos obrigados a pegar o carro ou o ônibus e percorrer quilômetros para aproveitar um final de semana com os nossos filhos. O bairro já tem números altos de criminalidade, mas parece que a prefeitura não dá bola para gente.
Em nota, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos declara que a Praça Professor Jorge dos Santos Rosa recebeu a última capina em dezembro de 2017, e que um novo corte de grama deve ser feito na segunda quinzena de maio. A respeito do esgoto na região, a pasta anuncia que a Divisão de Manutenção de Águas Pluviais (Dmap) fará uma vistoria no local ainda nesta semana.
O comunicado diz também que o contrato de praças, elaborado na gestão anterior, prevê 10 equipes diárias para realizar serviços em mais de 650 praças da cidade. Entretanto, a prefeitura consegue atender somente a 200 praças por mês. A secretaria, “admitindo a insuficiência do atual contrato”, informa que solicitou ao Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) a elaboração de um novo contrato, que deve ser posto em prática até primeiro semestre de 2018. O secretário municipal de serviços urbanos, Ramiro Rosário, afirma que o caso é fruto de erros de gestões anteriores e evidencia “mais uma vez os graves problemas financeiros enfrentados pela cidade”.
Confira a nota na íntegra:
“A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) informa que a referida praça recebeu nossas equipes no final do mês de dezembro e está programa para receber novamente os serviços na segunda quinzena de maio. O atual contrato de praças foi elaborado na antiga gestão e prevê dez equipes diárias para realizar os serviços nas mais de 650 praças de Porto Alegre. O contrato iniciou em outubro de 2016 a ser executado pelo DMLU, sendo anteriormente a responsabilidade da zeladoria nas praças da antiga Smam. A capacidade do contrato é de execução de cerca de 200 praças por mês, o que possibilita o retorno das equipes em cada uma, em média, a cada três meses. Admitindo a insuficiência do atual contrato, a Secretaria de Serviços Urbanos solicitou ao DMLU a elaboração de um novo projeto básico que preveja maior produtividade e desempenho pela prestadora de serviços. O contrato neste momento está em tramitação junto a Central de Licitações (Celic), previsto para que seja colocado em prática ainda no primeiro semestre de 2018.
‘Ocorrências como estas evidenciam mais uma vez os graves problemas financeiros enfrentados pela cidade, resultado de décadas e de decisões equivocadas, falta de investimentos e irregularidades na prestação de serviços e contratos de manutenção. A falta de recursos, devido à crise financeira do município, também potencializa as dificuldades, para que tenhamos soluções mais efetivas e breves, deixando clara a necessidade de uma reestruturação financeira para o bem estar de Porto Alegre. Neste sentido, a prefeitura já encaminhou para a Câmara de Vereadores uma série de reformas estruturais que a cidade precisa para equilibrar as contas’, afirma o Secretário Municipal de Serviços Urbanos, Ramiro Rosário.
Sobre a demanda referente a esgoto, o caso foi encaminhado para a Divisão de Manutenção de Águas Pluviais (Dmap), que programou uma vistoria no local ainda nesta semana.”
Problema começa a ser resolvido
Na segunda-feira (7), a prefeitura de Porto Alegre anunciou a programação de serviços de manutenção que devem ser realizados até sábado (12). Ao todo, 40 praças devem ser atendidas, segundo a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos. A Praça Professor Jorge dos Santos Rosa começou a ser capinada na segunda-feira (7). A pasta afirma que o serviço deve ser finalizado ainda nesta semana, "por se tratar de uma praça grande".
Já sobre o esgoto, a secretaria comunica que neste final de semana será feita a limpeza e a reconstrução das bocas de lobo, reconstrução e limpeza dos poços de visita e hidrojateamento nas redes pluviais.
A moradora Kátia Leite comemora o início dos trabalhos após as reclamações publicadas no aplicativo Pelas Ruas, mas lembra que ainda há muito a ser feito no local.
— Agora eles precisam manter o serviço. Não adianta se eles (a prefeitura) ficarem outros seis meses sem dar as caras. Além disso, os esgotos não foram limpos, os brinquedos estão quebrados, não temos bancos para sentar, a cancha está destruída. A sensação de insegurança e o medo de andar na rua vão continuar. Uma pena que não é só aqui no bairro, mas em toda Porto Alegre.
Saiba como usar o aplicativo Pelas Ruas, que é gratuito
1) Para baixar, basta entrar na App Store ou na Play Store e buscar o aplicativo pelo nome.
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Requisitos - iOS 9.0 ou superior (compatível com iPhone, iPad e iPod touch) - Android 4.1 ou superior
2) Ao abrir o aplicativo, a tela inicial mostra a marca Pelas Ruas e solicita o login do usuário. Ele é feito a partir do Facebook ou de conta no Google.
3) Após o acesso, pode ser visualizada a linha do tempo, em que aparecem as postagens dos usuários; é possível acompanhá-las e fazer comentários.
4) Para fazer um post, o usuário pode utilizar uma foto tirada por meio do próprio aplicativo ou da galeria de imagens do celular.
5) Após escolher uma das opções, basta descrever o problema e marcar a localização (por GPS ou a partir de um mapa). É só publicar e aguardar a aprovação: quando isso ocorre, o aplicativo mostra uma notificação.