Moradores do bairro Igara, em Canoas, precisam redobrar a atenção em casa: nos últimos dias, foram avistadas duas serpentes da espécie Urutu cruzeiro, que é peçonhenta e pode matar. A prefeitura afirma que está monitorando os casos e que nenhum morador foi picado até o momento.
O médico veterinário da Vigilância Epidemiológica de Canoas Roger Halla explica que cobras são comuns na Região Metropolitana, embora a Urutu cruzeiro tenha sido registrada somente no bairro Igara.
— O município é cercado pelo Rio Gravataí e pelo Rio dos Sinos, que têm áreas de produção rural. É usual que apareçam serpentes, só que a maioria das que existem no Estado não são perigosas. Estou trabalhando aqui há 21 anos, e pouquíssimas vezes tivemos demandas desse tipo.
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente afirma que técnicos estão estudando a região para entender o motivo do aparecimento dos animais. A hipótese, até o momento, é de que o ecossistema da cobra tenha sido interferido pela ação humana – como um desmatamento, por exemplo. Por isso, as serpentes tiveram que se deslocar para procurar outros locais a fim de se protegerem e garantirem alimento.
A melhor maneira de evitar o aparecimento delas em casa, conforme Halla, é manter o pátio e arredores limpos. O animal, a princípio, só irá atacar se sentir-se ameaçada.
O bicho quer se proteger, não ser vítima do homem e nem de outro predador
ROGER HALLA
Médico veterinário da Vigilância Epidemiológica de Canoas
— O bicho quer se proteger, não ser vítima do homem e nem de outro predador. Por isso, o morador precisa manter o pátio limpo, com vegetação baixa e sem entulhos. Assim, a serpente não tem onde se esconder.
O Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC) afirma que ainda não foi registrado nenhum caso de internação por picada nos últimos dias.
Espécie é peçonhenta
A Urutu Cruzeiro, de nome científico Bothrops alternatus, é uma serpente peçonhenta e extremamente venenosa. Ela é agressiva apenas quando se sente ameaçada; por isso, o melhor a se fazer é evitar o contato com o animal.
O professor de ciências biológicas da Unisinos Alexandro Tozetti explica que a Urutu Cruzeiro é "prima" da Jararaca, outra espécie extremamente perigosa. Ela costuma viver em regiões próximas à água e à natureza, locais onde há alta presença de mamíferos de pequeno porte; por isso, elas não são atraídas pela parte urbana das cidades.
— Elas são mais comuns em áreas verdes de Canoas. Ela não é atraída pela urbanização, por isso, deve ter acontecido algo muito inusitado para que ela fosse vista nas casas. Além disso, tem feito muito calor, e em dias quentes elas têm a tendência de se deslocar para muito mais longe.
O que fazer
Em caso de picada, seja em pessoas ou em animais, a orientação é para que a vítima se dirija o mais rápido possível para o Hospital de Pronto Socorro de Canoas, independentemente da espécie.
Ninguém deve fazer torniquete, colocar café em cima ou chupar sangue
ROGER HALLA
Médico veterinário da Vigilância Epidemiológica de Canoas
— Existem vários ditos populares sobre o que fazer após a picada da cobra. Ninguém deve fazer torniquete, colocar café em cima ou chupar sangue. Cada espécie tem um veneno diferente. No caso da Urutu Cruzeiro, o veneno precisa se espalhar pelo corpo. Se fizer torniquete, vai diminuir a oxigenação no corpo, o que pode gerar uma lesão e comprometer o membro inteiro do paciente — orienta Halla.
Se a serpente for morta na ocasião, ela deve ser levada juntamente ao hospital em algum tipo de recipiente, para que possa ser identificada corretamente.
Já a prefeitura informa, em nota, que os animais não devem ser mortos ou manejados pelos moradores. Nesses casos, "a Secretaria Municipal do Meio Ambiente deve ser acionada para recolhimento e encaminhamento adequado das cobras". Os telefones da pasta são 3236-1817 e 99230-6904. O atendimento funciona 24 horas por dia.