Só casos de urgência e emergência estão sendo atendidos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Solon Tavares, de Guaíba. Na sexta-feira (27), o contrato dos médicos que integravam o corpo clínico foi rescindido pela prefeitura. Também tiveram rescindidos os contratos os demais servidores da UPA como recepcionistas, técnicos e enfermeiros. Essa é a única UPA da cidade, que tem mais de 95 mil habitantes.
De acordo com a administração municipal, a empresa que fazia a gestão da unidade foi afastada depois da operação do Ministério Público (MP) que revelou esquema de desvios na área da saúde. A investigação aponta envolvimento até do presidente da Câmara de Vereadores e secretários municipais.
Conforme o relato de um médico que preferiu não se identificar, a prefeitura teria pedido para os profissionais continuarem o atendimento mesmo sem contrato.
— Queriam que emitíssemos nota como autônomos — relata.
A prefeitura confirma a tentativa de acordo, mas a proposta foi rejeitada pelo corpo clínico – que reclama de atrasos nos salários de janeiro e fevereiro.
Os médicos divulgaram um manifesto, nas redes sociais, criticando a situação da saúde em Guaíba. Na nota, eles alertam que “a cidade ficará descoberta de atendimento médico, uma vez que não podem exercer a profissão até que se configure uma legalidade nos contratos de trabalho, bem como nas garantias de condições de trabalho”.
A prefeitura afirma que já está analisando a contratação, de forma emergencial, de uma outra empresa para gerir a unidade. Para evitar a paralisação dos atendimentos, médicos aprovados no último concurso foram chamados, como também profissionais estão sendo contratados por tempo determinado. Sobre os salários em atraso, a administração de Guaíba informa que os valores devem ser cobrados da empresa afastada, que teria recebido em dia por parte da prefeitura e era a responsável pelo pagamento aos médicos.