Uma mulher indígena foi detida e encaminhada à Polícia Federal na manhã de domingo (29), no Parque Farroupilha, em Porto Alegre, por estar com um macaco no local. Ela foi denunciada por um frequentador à Guarda Municipal por supostamente estar tentando vender o animal, que foi recolhido.
— A guarnição que estava no local confirmou que ela estava com o animal silvestre. Se fosse uma pessoa comum, teríamos acionado a Brigada Ambiental, mas como envolvia uma indígena, a orientação é que seja tratado com a Polícia Federal — diz Carmen Mugica, chefe de serviço da Guarda Municipal.
A mulher e duas crianças, que seriam seus filhos, foram levados à Superintendência da PF, onde ela assinou um termo circunstanciado e foi liberada. De acordo com a chefe de serviço da Guarda Municipal, o cacique e um advogado de sua etnia, não informada pelos órgãos, teriam ido ao local para auxiliar a indígena, que tinha dificuldades de se expressar em português.
O animal, um filhote de bugio, foi encaminhado a uma clínica que atende animais silvestres na zona norte da Capital. Segundo a veterinária Gleidi Marsicano, ele tem em torno de dois meses e, embora faminto, estava em boas condições de saúde. O filhote deve permanecer no local até que o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) determine o seu destino.
— Acredito que tenha sigo pego recentemente. Estava com bastante fome, e deve ficar conosco por um tempo, porque precisa receber leite na mamadeira até ficar mais independente para ser encaminhado a outro lugar — conta a veterinária.
A legislação brasileira considera crime contra a fauna apanhar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem permissão das autoridades competentes. Quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito animais silvestres pode ser punido com detenção de seis meses a um ano e multa. Segundo o Ibama, indígenas estão autorizados a caçar e criar esses animais, mas apenas dentro das áreas de reserva — ao sair da comunidade, ficam sujeitos à lei geral.
Contatada pela reportagem, a coordenação local da Fundação Nacional do Índio (Funai) disse que não foi comunicada sobre o fato. GaúchaZH entrou em contato com a assessoria de imprensa do órgão em Brasília, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.