Praga mais comum na vegetação urbana de Porto Alegre, a erva-de-passarinho tem se proliferado, secando vegetais em diversas vias da Capital mais rapidamente do que a prefeitura, que conta com uma equipe para podas de apenas seis técnicos e 25 operários, consegue controlar. Depois de identificar o problema em vias de diferentes bairros, GaúchaZH conversou com a coordenadora de áreas verdes da Secretaria municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade, Gabriela de Moura Azevedo, sobre a praga. Confira:
Existe um levantamento dos vegetais infestados por erva-de-passarinho em Porto Alegre?
Não. Não temos um número preciso de árvores com erva-de-passarinho. A gente sabe que é muita coisa. Essa panorama vai paulatinamente mudar porque estamos priorizando há alguns anos o plantio de árvores nativas. A erva-de-passarinho gosta mesmo das exóticas. Sabemos que grande parte das espécies que foram plantadas nas décadas de 1950 e 1960 são menos aptas a aguentar o nosso clima e começaram a ser mais suscetíveis à erva-de-passarinho.
No ano passado o número de podas pendentes ultrapassava os 10 mil. Como está a situação atualmente?
É um número distorcido. Não podemos olhar para ele sem contextualizar. Desses 10 mil, muitos são repetidos. Na ansiedade, quando o município não consegue atender, o cidadão faz mais de um pedido. Também tem um número que se refere à arborização em área privada, então esses pedidos reuniam várias frentes. Mas sabemos que tem muito passivo, muita coisa a ser feita. Com uma rotina organizada, dá para fazer uma poda de uma rua inteira, e serviços mais simples de limpeza da vegetação. Com a terceirizada, isso vai ser programado por rua, por bairro. Assim, com pouca estrutura, acabamos apagando incêndio.
Qual seria a demanda real?
Em termos de 156, podemos falar de 6 a 8 mil pedidos. Eu te asseguro que, concretamente, tem muito mais do que isso. Com a equipe atual não sei dizer quanto tempo levaria para atender a todas. Mas provavelmente seria muito lento.
A demora em atender as demandas permite que a praga cresça e, em muitos casos, mate as árvores das vias públicas, deixando-as mais suscetíveis, por exemplo, a quedas. Esse cenário não oferece riscos à população?
Quando a erva-de-passarinho toma conta da copa, representa um risco. Isso é quando a árvore já não é mais viável, está quase morta. Nesse caso, ela é priorizada. Em um ligustro, por exemplo, o risco de queda é pequeno, mas outras espécies podem se ressentir mais.
Nos últimos temporais muitas árvores têm tombado pela cidade. Pode existir alguma relação com a praga?
Eventos como esses são imprevisíveis. Sim, a árvore com erva que tem peso além da copa teria maior tendência a cair do que outras, mas árvores sadias também caem com o vento. Os eventos climáticos adversos são sempre uma surpresa.
O que está sendo feito para evitar problemas futuros?
Estão providenciando uma licitação para a poda terceirizada, acredito que ainda para o primeiro semestre. Também estamos com um planejamento de plantio de árvores mais consciente. Nossos técnicos que trabalham com arborização hoje são excelentes. Eles estão fazendo um planejamento para árvores do futuro, para que sejam compatíveis com a cidade, que diminuam os riscos, que as pessoas valorizem os benefícios que elas trazem em vez de temê-las.