Faltando pouco mais de duas semanas para o Natal, a chuva intensa que atingiu Porto Alegre na madrugada da última quinta-feira (7) deixou rastros na casa de decoração mais natalina do bairro São João, na zona norte. Há mais de duas décadas, Tecla Ody, 79 anos, é conhecida como a Mamãe Noel da região por espalhar luzinhas, fitas, bolinhas e Papais Noéis pelo jardim — nem as árvores e a lixeira da calçada escapam da decoração. Mas, em poucas horas, o grande volume de água deixou os enfeites boiando e pode ter comprometido algumas das mais de 40 mil lâmpadas coloridas.
— O Natal neste ano não será a mesma coisa, as luzinhas da rua devem ter queimado com toda essa água — lamenta Tecla, acrescentando que a iluminação no local será parcial somente até o dia 22, quando uma dos seus cinco filhos virá dos Estados Unidos com novos enfeites.
Conforme Tecla, a sujeira deixada pela chuva terá fim no sábado (9). Isso porque os vizinhos farão um mutirão para deixar tudo o mais parecido com a forma que estava antes da chuvarada:-
— Ficou tudo muito sujo, cheio de terra. Aí, os meus vizinhos vão me ajudar.Cada um limpa uma parte, e a gente apronta tudo rapidinho —
A rua de Tecla ainda estava tomada por água na noite de quinta, e o problema da inundação na decoração natalina acabou ganhando proporções maiores do que o esperado. Enquanto estava na casa de um vizinho, a senhora precisou de atendimento médico ao sentir um mal-estar, mas a ambulância não tinha condições de chegar ao local.
— Eles (médicos) pediram para alguém me levar até a Avenida Assis Brasil porque estava tudo alagado. Foi uma confusão, tivemos de pedir ajuda aos bombeiros. Ainda bem que não foi nada grave, mas imagina se fosse algo pior — lamenta.
Mesmo que a chuvarada tenha causado um desânimo momentâneo em dona Tecla, já há planos para o próximo Natal. Entusiasmada com a data, ela começa a função de decorar sua casa já em outubro. Para a Mamãe Noel, manter a tradição que vem da avó é sagrado: todos os anos o espaço se enche de cor e vida.
— Eu amo o Natal! Não vai ser a chuva que vai acabar com essa tradição aqui.Já estou pensando no ano que vem. Quero ver se encontro um burrinho, um José e uma Maria grávida para colocar aqui no pátio — comenta Tecla, apontando para o lado oposto do presépio, instalado à frente da janela da casa.