Funcionários da Carris aprovaram, em assembleia realizada na manhã deste sábado (7) em Porto Alegre, a decretação de estado de greve. Uma comunicação será formalizada junto ao Ministério Público do Trabalho na segunda-feira, o que é um procedimento formal.
O estado de greve é uma etapa preparativa de deflagração de movimento de reivindicação no qual os trabalhadores seguem em atividade profissional. Ou seja, por enquanto, os ônibus não vão parar em Porto Alegre. Isso somente acontecerá se o processo for levado adiante, com a efetiva decretação da greve, quando os funcionários cruzam os braços em protesto.
Tecnicamente, o estado de greve deve se estender por 30 dias, nos quais os servidores pretendem procurar a direção da empresa.
— A ideia é provocar diálogo. Caso se recusem a mudar, aí faremos nova assembleia, propondo greve imediata — descreve Christiano Soares, secretário da Comissão de Funcionários da Carris.
Compareceram na assembleia, realizada nos fundos do prédio-sede da Carris, 573 servidores — já a direção da Carris afirma que apenas 60 servidores participaram. A empresa tem 2,1 mil funcionários.
O motivo do estado de greve, dizem os funcionários, é o descumprimento de uma decisão judicial por parte da Carris. O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, assinou decreto passando a data do pagamento dos salários da companhia e de outros órgãos para o quinto dia útil do mês, mas a Justiça do Trabalho revogou a mudança de data e determinou a quitação imediata dos salários, o que não aconteceu.
Em nota, a Carris afirma que em cumprimento a decisão judicial emitida pelo TRT 4ª Região, 29ª Vara, em 04/10/2017, efetuou o pagamento dos vencimentos referentes ao mês de setembro aos seis funcionários da respectiva ação. Os demais colaboradores receberam os salários no 5º dia útil (06/10/2017), conforme Decreto Nº 19.805 de 17 de julho de 2017.
Além disso, a relação entre Marchezan e os servidores da Carris é tensa. O prefeito manifesta desejo de privatizar ou fechar a companhia e, recentemente, chegou a citar "roubo de peças" como dificuldade para consertar veículos. Em resposta, servidores distribuíram panfletos acusando o prefeito de "tentar desmoralizar a empresa Carris e seus funcionários , jogando ao vento coisas que não têm nem provas".