Correção: Diferentemente do que foi informado das 11h24min do dia 1º de setembro até as 13h40min do dia 4 de setembro, a rede Rissul não entrou na análise realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A informação já foi corrigida no texto.
Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (1), os secretários de Saúde do Estado e de Porto Alegre confirmaram que a bactéria Listeria monocytogenes foi detectada em produtos fatiados na rede Zaffari. Mas, de acordo com o secretário municipal, Erno Harzheim, não há risco de epidemia por conta da bactéria, encontrada na loja Bourbon Ipiranga, na Capital.
– Não há motivos para pânico, todas as medidas de precaução foram tomadas – afirmou.
De acordo com Harzheim, o problema foi identificado em uma amostra de 250g de queijo da marca Zaffari. A análise foi realizada em 17 de agosto, e os resultados chegaram às duas secretarias na noite de quinta-feira (31). O fatiamento e a venda de produtos que são fatiados pelo Zaffari foram suspensos em todas as lojas da Capital até que a companhia apresente laudos comprovando que os locais por onde passam os produtos estão livres da bactéria.
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A recomendação das secretarias de Saúde continua sendo não consumir produtos fatiados na rede e comprados em Porto Alegre. O secretário estadual, João Gabbardo dos Reis, recomendou que os consumidores descartem produtos desse tipo adquiridos nas últimas semanas, mas disse que o risco à saúde "não é elevado":
– Uma gestante que apresentar sintomas precisa comunicar a seu médico, que vai avaliar se há necessidade de tratamento. Mas as demais pessoas que não têm imunossupressão não terão problemas maiores, apenas sintomas de uma virose.
Conforme o titular da Saúde municipal, a ingestão dessa bactéria pode causar problemas gastrointestinais, como diarreia, acompanhada ou não de febre. No caso de gestantes, pode acarretar problemas mais graves, como aborto no primeiro trimestre de gestação ou prematuridade no nascimento. Os sintomas podem começar a se manifestar dias ou semanas após a ingestão do produto contaminado. Até o momento, não foi identificado nenhum caso dessa natureza na Capital.
Foi a primeira vez que o município analisou a presença da Listeria monocytogenes em redes de supermercados. A investigação partiu de uma parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que fez o teste em quatro redes de supermercados em julho – além do Zaffari, produtos vendidos em lojas das redes Asun, Carrefour e Walmart foram analisados. A suspeita da presença da bactéria nos produtos do Zaffari motivou os testes realizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) do Rio Grande do Sul, que confirmou o que havia sido identificado pelos pesquisadores da UFRGS.
Segundo Harzheim, a análise da presença ou não dessa bactéria em alimentos não é obrigatória e não faz parte da rotina de vigilância. A parceria com a UFRGS, explica, foi realizada com o intuito de qualificar o processo. Sob essa perspectiva, o resultado foi considerado positivo.
– É certo que já houve em outros alimentos. Não vivemos um risco maior do que aquele que a gente sempre viveu, e já foi mais intenso. O que nós estamos fazendo é aumentar o grau de proteção às pessoas – avaliou.
Também não se sabe qual foi a origem do problema, que pode surgir em qualquer etapa do processo de manipulação do alimento contaminado – no caso do Zaffari, a peça inteira do mesmo tipo de queijo não indicou a presença da Listeria monocytogenes. De acordo com Gabbardo, o caso levanta o alerta para que mercados cumpram as condições sanitárias.
– A manipulação e fatiamento de produtos traz riscos. Os estabelecimentos que não têm condições para fazer esse trabalho não devem fazer. O Zaffari tem as melhores condições de higiene e mesmo lá aconteceu esse problema. O risco é muito maior em estabelecimentos que façam esse trabalho sem os cuidados necessários – diz o secretário.
Ouça a entrevista do secretário João Gabbardo
Confira, abaixo, a íntegra da nota da rede Zaffari:
A empresa informa que, no dia 17 de agosto, foram feitas coletas de amostras de produtos na unidade de fatiamento localizada no hipermercado Bourbon Assis Brasil, e no hipermercado Bourbon Ipiranga, cujos resultados de análise ainda não foram comunicados à empresa. Desde então, preventivamente, foram intensificados os processos de higienização das áreas de produção daquelas unidades, mediante indícios de provável presença de bactéria. No dia de hoje (31), o Serviço de Inspeção Municipal, por motivo de cautela, determinou a descontinuidade da produção da unidade de fatiamento do Bourbon Assis Brasil. A empresa retirou os produtos que estavam disponíveis nas lojas abastecidas por ela (hipermercado Bourbon Assis Brasil e as lojas de pequeno porte de Porto Alegre), que a partir de amanhã passarão a atender os clientes com produtos fornecidos diretamente das indústrias. Por iniciativa da empresa, a área de produção de fatiados do hipermercado Bourbon Ipiranga teve sua produção descontinuada como medida preventiva, enquanto aguarda o laudo oficial dos produtos coletados pela Vigilância Sanitária.