Mesmo com a aprovação dos projetos que reduzem isenções no transporte público de Porto Alegre, o prefeito Nelson Marchezan Junior afirma que não há como garantir que a passagem ficará mais barata. Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, ele afirmou que é preciso considerar outros elementos, como variação no preço do combustível e salários dos rodoviários.
– Não temos como prever. O que a gente pode dizer é que pode diminuir. Mas a tendência é aumentar, na pior das hipóteses, menos do que iria aumentar (sem a aprovação dos projetos).
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Marchezan afirmou que a ação é estudada desde o início do governo, em janeiro, e disse estar com a “consciência tranquila”. Ele reforçou que as empresas alegam não ter dinheiro para operar todas as linhas definidas no contrato assinado em 2015.
As multas aplicadas por falhas no serviço oferecido também deixariam de ser honradas com a mesma justificativa. Até o momento, a EPTC realizou cerca de 2 mil autuações.
Vereadores
Com a base aliada diminuta na Câmara, Marchezan sofreu derrotas no início do governo e precisou recuar em algumas propostas. Depois disso, um canal de diálogo foi aberto e a comunicação com os vereadores foi ampliada. Ainda assim, o prefeito foi direto na cobrança para a aprovação dos projetos sobre o transporte.
– Não há um vereador que estude durante meia hora que não vá perceber que isso precisa ser feito. Pode não ter a coragem, vontade, pode achar que deve ser de outra forma diluído, mas ele sabe que isso precisa ser feito – disse na entrevista.
Os projetos irão tramitar no Legislativo no segundo semestre. A expectativa é que emendas sejam apresentadas para suavizar alguns pontos das propostas. A prefeitura estaria disposta a discutir possíveis ajustes nos textos.
Carris
Mais uma vez, a gestão da Carris em outras gestões foi alvo de críticas. Marchezan ligou o início da necessidade de aportes da prefeitura na companhia, em 2011, à instituição da segunda passagem gratuita com o uso do cartão TRI. Em 2016, foi necessário aportar R$ 55 milhões na empresa. A estimativa para este ano gira em torno de R$ 20 milhões.
Os projetos
- Redução de isenções para estudantes: atualmente as isenções são concedidas para todos os estudantes. A proposta é limitar o benefício a alunos com renda familiar de até três salários mínimos.
- Exclusão de isenções entre 60 e 64 anos: os atuais beneficiários, com renda de até três salários mínimos, poderiam continuar com a isenção até a idade-limite. No entanto, em caso de aprovação, quem chegar aos 60 anos, deverá pagar as passagens até os 65 anos.
- Desobriga manutenção de cobradores: se aprovado, as empresas poderiam realizar viagens sem cobradores entre 22h e 4h e em dias de passe livre, feriados e domingos. O cargo seria extinto gradativamente.
- Aumento da vida útil dos ônibus: o uso dos coletivos normais aumentaria de 10 para 12 anos. Já os articulados poderiam fazer viagens até os 13 anos.- Redução de viagens isentas por dia: altera o limite de viagens, hoje em oito, para diversos grupos de passageiros isentos.
- Controle sobre brigadianos e guardas municipais: os servidores teriam que apresentar o cartão de isenção fornecido pela EPTC e passar a roleta.
*RÁDIO GAÚCHA