Agravada com as chuvas dos últimos dias, a situação dos buracos que se multiplicaram em vias de Porto Alegre deve cair na vala da crise financeira do município, prorrogando o problema que prejudica a circulação em diferentes bairros da cidade. Com apenas uma usina em funcionamento e devendo R$ 750 mil ao fornecedor de areia – insumo necessário à produção asfáltica –, a prefeitura fabrica em câmera lenta: a única usina em funcionamento gera, em um dia, metade do que teria capacidade para fazer em apenas uma hora.
– Existia uma rotina de compra mensal que não está acontecendo. A administração suspendeu em face dos problemas financeiros que tem enfrentado. Nesta semana, entregamos um pouco de material para essa demanda mais urgente. Espero que a organização consiga resolver seus problemas e nos dê condições de continuar com a mão estendida – disse Renato Cesar, procurador da Comercial Vencedora, que fornece pó de areia e brita para o poder público municipal.
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Conforme a empresa, a dívida da prefeitura se avolumou no ano passado, quando, em maio, deixou de efetuar pagamentos. Mesmo assim, um novo contrato foi firmado em dezembro, com validade de um ano. Embora reclame os valores devidos, Cesar garante que a entrega do insumo continuará ocorrendo. A empresa, que fornece areia para Porto Alegre há cerca de 50 anos, relata que o valor devido pela prefeitura é o mais alto em décadas.
O fornecimento de insumos ao município é realizado sob demanda. Com os cintos apertados desde o começo da nova gestão, no entanto, a administração municipal tem evitado criar novas dívidas – as feitas junto à Vencedora em 2017 devem começar a ser pagas a partir deste mês. Assim, das duas usinas de produção asfáltica, apenas uma está em funcionamento. Localizada na Restinga, ela tem operado muito abaixo da capacidade: poderia produzir 140 toneladas de asfalto por hora, mas tem gerado, na melhor das hipóteses, 70 toneladas por dia (o tempo de produção tem sido de cerca de duas horas diárias).
A Comercial Vencedora não é a única credora da prefeitura na produção asfáltica. Responsável pela manutenção das usinas, a Bomag Marine não recebe desde setembro passado. A dívida se aproxima dos R$ 40 mil. A empresa, porém, continua prestando o serviço acordado na usina que segue em funcionamento.
Na manhã desta quinta-feira, o secretário de Infraestrutura e Mobilidade, Elizandro Sabino, admitiu a dificuldade em dar conta dos buracos espalhados pela Capital. As únicas obras de requalificação do asfalto garantidas, segundo ele, são os 38 trechos financiados com R$ 30 milhões da Corporação Andina de Fomento (CAF), que começaram a ser reparados em fevereiro. O custo de um serviço tapa-buracos é de aproximadamente R$ 45 por metro quadrado.
– É um financiamento garantido e "imexível", destinado para as qualificações de ruas. Foram trechos decididos previamente, analisando vias arteriais e com grande circulação de veículos – afirmou.
Conforme a Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade (Smim), os trabalhos incluem dois lotes de avenidas e ruas, totalizando 44 quilômetros.
Não é a primeira vez que as usinas de asfalto da prefeitura enfrentam problemas na fabricação. No ano passado, um acidente que impactou no trabalho da Refap, fornecedora do cimento asfáltico de petróleo (CAP), componente fundamental para a produção do asfalto, fez com que os serviços fossem paralisados. Inauguradas em 2015, as usinas da Restinga e do Sarandi representaram um investimento de R$ 3,2 milhões.
OBRAS EM VIAS
Em conserto
- Doutor Barros Cassal
- Santa Isabel
- Engenheiro Frederico Dahne
- Avenida Adelino Ferreira Jardim.
Conserto concluído
- Garibaldi
- Eça de Queiros
- Ferreira Viana
- Sylvio Sanson
- Serro Azul
- São Benedito
- Osvaldo Aranha
- Protásio Alves
- Rio São Gonçalo
- Saturnino de Brito
- Avenida do Forte