Acionado há anos por moradores para agir sobre os alagamentos, o Ministério Público tampouco oferece perspectiva de solução à população. Desde 2007, a promotoria de Habitação e Ordem Urbanística reúne, pelo menos, nove inquéritos civis sobre alagamentos e mau funcionamento de casas de bombas. Os expedientes acumulam centenas de ofícios de pedidos de informações entre MP e órgãos da prefeitura, vistorias, fotos, atas de audiências. Ainda sem qualquer resultado concreto.
– Eu faço vistorias nos locais não só quando chove, recebo a comunidade aqui. Também fico aflito com essa situação. Temos conseguido resolver problemas de microdrenagem (limpezas de bueiros e hidrojateamento em redes), mas a macrodrenagem depende de obras maiores, temos uma rede pluvial da década de 1950 – explica o promotor Heriberto Roos Maciel, da Promotoria de Habitação e Defesa da Ordem Urbanística.
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Há um ano, Maciel já reconhecera os problemas em entrevista a Zero Hora. Mas, agora, diz que as últimas cheias mostraram que "não dá mais para esperar" por obras que vinham sendo prometidas pelo Departamento de Esgotos Pluviais (DEP): se a prefeitura não apresentar um plano com soluções factíveis, o órgão deve entrar com ações civis públicas ou firmar Termo de Ajustamento de Conduta. Maciel também promete trabalhar com outras promotorias para investigar não só a lentidão nos serviços, mas também eventuais atos de improbidade e de corrupção.