Apesar da chuva ter dado uma trégua em Porto Alegre nesta sexta-feira (2), moradores dos bairros Humaitá e Via Farrapos, na zona norte, sofrem com as consequências da última enchente na Capital. Um dos maiores problemas enfrentados é a falta de drenagem de água da Casa de Bombas da Vila Farrapos.
Moradores fizeram protestos durante o dia exigindo a presença do prefeito Nelson Marchezan para verificar a situação de perto. Além disso, famílias pedem recursos da Defesa Civil, como cestas básicas e kits de higiene.
Desde que o alagamento atingiu a residência de Daiana Alves, 34 anos, moradora do bairro Humaitá, parte da mobília e dos eletrodomésticos foram perdidos. Na residência, 11 pessoas dividem as dependências e tentam salvar o pouco que restou após a enchente.
– Minha cama e meu sofá foram danificados. Estou tendo que dormir com minha filha no chão. Até agora, ninguém da Defesa Civil veio nos ajudar – conta Daiana.
O prefeito Nelson Marchezan se reuniu no Centro Integrado de Comando e Controle da Capital (Ceic), na tarde desta sexta, com os secretários Ramiro Rosário (Serviços Urbanos), Kleber Senisse (Segurança Pública) e Elizandro Sabino (Infraestrutura e Mobilidade) para analisar possíveis soluções para os problemas de drenagem nas Casas de Bomba da cidade.
– Estamos avaliando alternativas para o problema. Para isto, solicitaremos recursos do governo federal e também estamos avaliando contra partidas com a iniciativa privada – explica Marchezan.
Segundo o chefe do Executivo, o problema vai além das bombas de sucção de água que não funcionam. Há instalações incorretas no sistema pluvial, tanto por parte do DEP quanto de moradores na região do Humaitá.
– Há muito trabalho a ser feito para que a drenagem funcione com a capacidade máxima em Porto Alegre. Para isto, precisamos de investimentos. Porém, como muitos sabem, a prefeitura está quebrada – afirma o prefeito.
Lixos e multas
Em relação à lei que multa pessoas que jogam lixo em locais inapropriados, um dos fatores principais no entupimento de bueiros que causam alagamento na Capital, o prefeito Marchezan afirma que nos próximos meses será criado um escritório de fiscalização integrado entre Guarda Municipal e EPTC.
– Temos que ser cautelosos quanto a isto. Não podemos sair multando na Vila dos Papeleiros, por exemplo, onde há um grande acúmulo de lixo. Não há como cobrar de quem não tem dinheiro – disse.
Em nota, a prefeitura informa o que será feito nos próximos dias com previsão de instabilidade e chuva:
Com a possibilidade de retorno da instabilidade, a atenção deve se voltar para regiões como as Ilhas, o 4º Distrito - como o entorno da Estação Rodoviária, da Voluntários da Pátria e da Estação São Pedro do Trensurb -, além da Vila dos Sargentos, em razão da cheia do Guaíba. A determinação do prefeito é de que as equipes trabalhem no pronto atendimento, caso haja necessidade de remoção, doação de colchões e cobertores, por exemplo. Os titulares de Serviços Urbanos e Infraestrutura estão fazendo um levantamento com os projetos voltados para a região Humaitá-Navegantes e Sarandi.
De acordo com informações da Defesa Civil, em dois dias, as precipitações na região do Sarandi foram de 97,4 milímetros; na Lomba do Pinheiro, de 80,7 mm; e na região central, 95,5 mm. Cerca de 300 famílias tiveram suas casas atingidas, principalmente na região do Sarandi.
O diretor da Divisão de Limpeza e Coleta do DMLU, Jairo Armando dos Santos, informou que o órgão vem trabalhando na desobstrução de vias. Foram registrados problemas em 130 sinaleiras e 30 pontos de alagamento - a maioria na zona Norte. Equipes da Secretaria do Ambiente foram mobilizadas em razão de quedas de árvores. Foi determinada prioridade na recuperação de escolas e de uma creche que tiveram suas atividades prejudicadas por conta das chuvas.