Os 500 alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental General Iba Ilha Moreira, localizada no Bairro Jardim Carvalho, na zona leste da Capital, estão com as aulas suspensa devido à invasão de pombos no forro do prédio da instituição. Revoltadas com a situação, mães de estudantes protestaram em frente à escola no começo da tarde desta terça-feira. Elas querem providências da direção e da Secretaria Estadual de Educação.
Desde quinta-feira, o alunos do primeiro ao quinto ano, que estudam no terceiro pavimento, não estão indo à escola devido à água da chuva que pinga do teto, misturada ao sangue e às fezes das aves. O mau cheiro é quase insuportável, e as fezes se acumulam também no telhado do segundo pavimento, o que é possível ser visto da janela de uma das salas de aula do terceiro piso.
A iniciativa de interdição da escola partiu dos pais e, nesta terça-feira, foi adotada pela direção da escola para todas as séries.
– As crianças estão respirando isso faz muito tempo – comenta Claudia Ferreira, 42 anos, mãe de Camily, oito anos, aluna do terceiro ano.
Segundo o biólogo do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica Glayson Benke, os pombos domésticos, que estão nas ruas e nas praças, representam riscos reais para a saúde dos estudantes. Uma série de doenças é transmitida, principalmente a partir das fezes, de restos de ninho e de penas em decomposição:
– O risco de contaminação também ocorre para as pessoas que tentam limpar o forro e o local onde há o ninho, pois acabam aspirando os restos de fezes que são agentes que causam várias doenças.
Entre as doenças que podem ser transmitidas estão a salmonelose, toxoplasmose e criptococose. Todas são consideradas infecções graves e a primeira pode levar à morte. Outras, como ornitose, causam comprometimento pulmonar e encefalite, a inflamação em camadas do cérebro.
"Minha filha reclama que a sala de aula é cheia de mosquinhas"
Além do mau cheiro, os alunos reclamam de ver sangue e fezes das aves dentro da sala de aula.
– No banheiros dos meninos (do terceiro andar), não tem nem torneira para as crianças lavarem as mãos. Está horrível essa situação – reclama a dona de casa Marcia Priscila Santos Cavalheiro, 32 anos, mãe de Miguel, oito anos.
Ao chegarem na escola e verem a situação do prédio, as mães se assustaram com a falta de limpeza, por isso a iniciativa de interditar o terceiro piso.
– Oriento minha filha a não colocar a mão em nada, não encostar nas janelas. Elas reclamam muito que a sala de aula é cheia de mosquinhas – relata a dona de casa Michele Andrade, 34 anos, mãe de Jordana, oito anos.
O forro da escola foi parcialmente destruído em uma enxurrada que ocorreu em outubro do ano passado, o que facilita a entrada e a acomodação das aves no teto da instituição. O biólogo Glayson Benke afirma que as pombas procuram locais protegidos e fechados para se defender da chuva, do vento e de predadores.
A diretora Marlei de Oliveira diz que solicitou conserto para a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) no ano passado e reiterou o pedido neste ano, mas, como não enviou os três orçamentos, a obra não foi executada. O mesmo ocorreu com os pedidos de limpeza do forro.
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Seduc promete limpeza especializada para segunda-feira
A (Seduc) informou que a limpeza será feita por uma empresa especializada a partir da próxima segunda-feira, dia 12. Serão dez dias de trabalho para a desinfecção do prédio. Neste período, a escola ficará fechada. Há possibilidade de transferência das aulas para a Escola Evaristo Gonçalves Neto, próxima dali. Decisão que ainda não foi definida pela 1ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que também reforça que os dias de aula perdidos deverão ser recuperados até o final das férias de julho.
Em contato com a reportagem, a Seduc informou também que a Escola General Iba Ilha Moreira tem problemas de gestão. Desde o ano passado, a direção não recebe os repasses de autonomia financeira, recurso que permite a execução de reparos e pequenas obras, por falta de prestação de contas. O mesmo motivo interrompeu o repasse de verba para merenda escolar.
Em 19 de abril, a 1ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) abriu uma sindicância para apurar irregularidades na escola. A investigação deve ser concluída até 19 de junho.