Quem passava pela Rua Maestro Mendanha, no bairro Santana, em Porto Alegre, na manhã deste sábado (3) era abordado da seguinte maneira:
– Bom dia, vizinho! Aqui tem um espaço pra gente se conhecer, trocar ideias. Chega aqui depois – dizia, empolgada e com um sorriso no rosto, Márcia Braga, uma das idealizadoras do Projeto Vizinhança, que existe desde 2012 e tem o objetivo de resgatar a vida de bairro em diversos lugares da Capital.
Veja também:
Caminhões vão percorrer oito bairros de Porto Alegre para recolher agasalhos
5 programas para curtir o sábado de sol em Porto Alegre
Um pouco acanhados e tímidos, alguns vizinhos respondiam agradecendo o convite, dizendo que passariam ali depois e seguiam adiante. O convite de Márcia vale para todo o final de semana: no sábado e no domingo, estão previstas diversas atividades, exposições e apresentações ocorrem de maneira gratuita e para todos os públicos na casa de número 71.
Uma das atividades é o "Cinema para ver com os ouvidos", que exibiu curtas-metragens gaúchos com audiodescrição. Quem entra na sala 16 da casa recebe uma máscara de médico improvisada para vendar os olhos. A ideia é mostrar, para quem não é cego, um jeito diferente de apreciar o cinema.
– A nossa ideia é sensibilizar as pessoas para a necessidade de que haja o recurso nas produções audiovisuais – explica a audiodescritora Mimi Aragón, que participa do Vizinhança pela terceira vez.
A professora Marilena Assis, 54 anos, que utiliza o recurso de audiodescrição desde 2008, aproveitou que o Projeto Vizinhança estava acontecendo no Santana para conhecer a ação. Enquanto se divertia com curtas gaudérios, Mari destaca o fato de a iniciativa não ter um ponto fixo:
– Por ser um projeto itinerante e acontecer em vários bairros da cidade, a gente consegue chegar até ele com mais facilidade, né? É perto de onde eu trabalho e de onde eu moro, então vim passar a tarde aqui. É legal ter esse tipo de iniciativa.
Evento é aberto a todos - inclusive na organização
Qualquer um que tenha vontade de compartilhar um conhecimento pode participar da organização do evento. Foi o que fez a bailarina e produtora cultural Juliana Prestes, 32 anos, que fará três intervenções: apresentação de um flash mob, de dança coreografada e uma oficina de dança flamenca. Participando pela primeira vez como voluntária, a bailarina salienta a importância do projeto.
–Eu acho necessário diante dessa loucura de correria da cidade, dessa rotina de casa-trabalho, trabalho-casa. Esse projeto vai contra isso. É uma forma de tornar o bairro mais humano – comenta.
De acordo com a organização do Vizinhança, ainda não há previsão de quando a próxima edição vai acontecer. Isso porque as edições são construídas com a ajuda de voluntários, que cedem espaços, propõem oficinas e atividades, oferecem serviços de divulgação, confecção de banners e panfletos do projeto.