A declaração de um dos diretores da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS) de Porto Alegre revoltou a Associação de Cegos do Rio Grande do Sul (Acergs). Em reportagem de Zero Hora, o responsável pela área de Acessibilidade e Inclusão do município, Gabriel Piazza Alban, afirmou que "às vezes é melhor atender a um grupo maior: tem mais cadeirantes, idosos, obesos e pessoas com carrinhos de bebês do que cegos".
Para a Acergs, "as declarações denotam claro despreparo do diretor para o exercício da função" e que há, por parte dele, "completo desconhecimento do conceito de acessibilidade universal". A entidade ainda diz que "segundo o Censo 2010 do IBGE, 249 mil ou 15% da população porto-alegrense possui deficiência visual em algum nível".
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Procurado por ZH, Alban afirmou, por meio da assessoria de imprensa da SMDS, que prefere não se manifestar sobre o assunto.
Confira na íntegra a nota da Acergs:
"A Associação de Cegos do Rio Grande do Sul ACERGS, repudia veementemente as declarações feitas pelo Diretor de Acessibilidade e Inclusão da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social SMDS de Porto Alegre _ Sr. Gabriel Piazza Alban, em reportagem veiculada, na edição do último final de semana (17 e 18/6), no jornal Zero Hora. Diz o diretor: "A obra está em fase de conclusão. Vai ser colocado o piso tátil na região correta para melhorar a sinalização. Às vezes é melhor atender a um grupo maior: tem mais cadeirantes, idosos, obesos e pessoas com carrinhos de bebês do que cegos. Estamos buscando uma melhoria, mas é complicado de conseguir agradar a todo mundo." As declarações denotam claro despreparo do diretor para o exercício da função, haja vista o completo desconhecimento do conceito de acessibilidade universal e o inadmissível desrespeito com as Entidades, Conselhos e comunidade de pessoas cegas e com baixa visão de nossa Capital, manifestado em suas palavras. Segundo o Censo 2010 do IBGE, 249 mil ou 15% da população porto-alegrense possui deficiência visual em algum nível.É inconcebível que o gestor incumbido de coordenar as políticas públicas para pessoas com deficiência de uma metrópole brasileira, tenha posições tão antagônicas a preceitos apregoados e difundidos, ao menos teoricamente, no sentido de se buscar atingir ao máximo a inclusão social e a acessibilidade universal e, tão desconexas das práticas esperadas nos tempos atuais, onde se almeja alcançar um futuro com uma sociedade bem menos discriminatória e mais solidária, justa e igualitária".